Projeto “Corposcidade” transforma Mogi Mirim em galeria a céu aberto

Artistas Fernanda Mello e Danilo Cunha espalham arte urbana em quatro pontos da cidade, provocando reflexão e encantamento com obras fotográficas e intervenções visuais
O que antes era apenas concreto e pressa, agora abriga arte, memórias e provocações. O projeto “Corposcidade”, idealizado pelos artistas Fernanda Mello e Danilo Cunha, vem transformando Mogi Mirim em uma verdadeira galeria a céu aberto, com obras espalhadas em pontos estratégicos da cidade. A proposta surgiu do desejo de eliminar fronteiras no acesso à arte, levando-a para as ruas, de forma gratuita e acessível.
A exposição urbana se espalha pela Rodoviária Municipal, o Zerão, o Centro Cultural e o Túnel Governador Mário Covas, cada um com obras diferentes, convidando a população a percorrer a cidade e se conectar com os espaços de maneira sensível. “A cidade é palco, galeria, suporte. A proposta é abrir janelas dentro do concreto”, explicam os artistas.
As intervenções em todos os locais propõem um mergulho introspectivo, com imagens que instigam questões como: Qual é o seu lugar na cidade? Como você ocupa os espaços? O que você vê quando olha o outro? Cada obra, independentemente do ponto onde está instalada, convida à reflexão e à identificação com os espaços urbanos.
As técnicas escolhidas são também um resgate da memória visual: fotografias analógicas e polaroid, com intervenções manuais em cada imagem. “Queríamos um resultado carregado de camadas, memórias e significados”, detalham. Os lambe-lambes colados manualmente são efêmeros, urbanos e dialogam diretamente com o ritmo da cidade.
A realização da obra contou com apoio da Secretaria de Cultura e da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, com destaque para a escuta sensível da gestão pública e a autonomia criativa dos artistas.
Durante a execução da obra, a comunidade reagiu positivamente. Houve elogios espontâneos, perguntas curiosas e pessoas que desaceleraram seus passos ou seus carros para observar as transformações. Muitos moradores inclusive estão visitando todos os pontos para conferir a exposição completa.
“Queremos provocar pausas. Um pequeno estranhamento no olhar. Que as pessoas percebam que o espaço urbano não precisa ser só concreto. A arte pública é isso: um direito à beleza, à pergunta, ao pertencimento simbólico”, afirmam Fernanda e Danilo.
Em cidades do interior como Mogi Mirim, onde o acesso à arte formal é mais restrito, a arte urbana se torna ainda mais vital: democratiza o sensível, reencanta o cotidiano e reafirma que a cidade também pertence a quem nela vive e sonha.