RESILIÊNCIA: A PALAVRA DO MOMENTO
Sabe aquele sujeito que suporta tudo, que aguenta humilhação, que carrega um peso sobre os ombros e, por mais que esteja cansado não diz que está, não reclama, não demonstra suas fraquezas e limitações? Então, deixa eu te contar um segredinho. Ele enche a boca para falar em resiliência (e deve até achar bonito já que essa palavra está na moda), mas não é nada disso. Na verdade, ele é masoquista da cabeça aos pés, suporta não só os problemas dele e dos outros como, bem provavelmente, também carregue uma culpa, uma ferida emocional mal resolvida, acreditando que precisa agradar a todos, ser perfeito, dar exemplos e ser forte o tempo todo.
O resiliente não é aquele que sofre por sofrer, nem continua numa situação dolorosa porque já está ali mesmo e nem sabe fazer diferente. Isso é vício, é crença limitante, é falta de amor próprio, é necessidade de reconhecimento, é vitimização, ou qualquer outra definição (dependendo do histórico de cada um), ou até tudo isso junto, mas repito: isso não é resiliência.
Resiliência é suportar sim uma determinada situação desafiadora, mas sabendo lidar com esse sofrimento. É reconhecer o momento de dificuldade como uma etapa do jogo necessária para avançar, para conseguir passar para uma nova fase. A pessoa que aprende com uma situação, sabe tirar proveito dela. Aquele que não aprende, repete de ano, repete na vida, vive o que chamamos na psicologia, de “compulsão a repetição”. Simples assim.
É a vida nos mostrando que, enquanto não tirarmos uma lição do que estamos vivendo, não tem porque andar pra frente no tabuleiro da nossa existência.
Qual a lição nesse jogo que você tem precisado enfrentar e aprender? Esse aprendizado pode aparecer na forma de um relacionamento com uma determinada pessoa, num sentimento dentro de nós, que está gritando, mas que ainda não paramos para escutá-lo, num comportamento repetitivo que queremos deixar de ter, numa situação familiar ou no trabalho que ainda não conseguimos superar… Enfim, a dificuldade que precisamos aprender a lidar e vencer pode ser interna, pode se mostrar na imagem que olhamos no espelho, ou pode estar por aí tomando café com a gente todo santo dia ou ainda nos desafiando em cada boleto que chega nos fazendo lembrar que ainda não alcançamos a liberdade financeira que gostaríamos.
Onde está a sua dor, o que te tira o sono? E o que você tem feito com isso? Você tem chorado em cima do seu problema ou tem buscado aprender algo com isso para dar uma reviravolta?
Ao invés de se lamentar, se sentir um fracassado, se culpar ou passar a vida procurando os responsáveis pelo seu sofrimento, que tal observar melhor esse cenário? Se afaste um pouco e olhe de fora. Perceba esse problema de vários ângulos e tente extrair uma solução. Diga a você mesmo os conselhos que daria a um amigo numa situação parecida. Afinal, temos a tendência de aconselhar, cuidar, ser compreensivos e amorosos com os outros, mas muitas vezes não fazemos isso por nós mesmos. Perceba se você tem errado nas suas decisões, na maneira como tem enfrentado a vida.
Se isso estiver acontecendo, faça uma autorreflexão para entender o verdadeiro gatilho desse seu comportamento. E não adianta mentir pra você mesmo. No nosso íntimo conhecemos as nossas virtudes mas precisamos também ter coragem de olhar nossos defeitos de frente. Só assim podemos melhorar.
“Errar é humano, mas persistir no erro é burrice”, já diz o ditado. E eu posso te dizer mais: Errar é necessário. Mas é importante errar erros novos. Se erramos sempre nos mesmos pontos ficamos estagnados, perdemos uma preciosa oportunidade de melhorar inclusive a nossa mente. Quando erramos, nosso cérebro reconhece que precisa encontrar maneiras de corrigir aquela situação. Quando pensamos em alternativas para fazer diferente, estamos mandando uma mensagem a nossa mente, como se disséssemos: “opa, por aqui eu já sei que dá errado, então é por ali que eu vou”. Esses pensamentos, tentativas de fazer o certo, nos permitem criar novas conexões, expandimos nosso cérebro e possibilitando novas sinapses neurais e assim já estamos ajudando nossa mente a raciocinar melhor, se tornar mais forte, mais evoluída.
Portanto, se você quer dizer por aí que é uma pessoa resiliente, faça jus a esse significado. Erre, sofra, suporte o que for preciso mas transforme esse sofrimento em ação para ser uma pessoa melhor. Assim como a Bíblia nos ensina que a “Fé sem obras é morta”, a mudança sem ação é impossível. É lógico que não é de um dia para o outro que mudamos tudo como num passe de mágica. Então comece aos poucos. Incorpore na sua rotina pequenas mudanças e novos hábitos. Comece de dentro para fora, encarando esse seu sofrimento com outros olhos. Depois comece a agir diferente, mesmo que em pequenas atitudes. Afinal agindo do mesmo jeito, você chegará nos mesmos resultados. Toda transformação exige um sacrifício, mas quem é resiliente de verdade, sabe que somente o sacrifício com o propósito de nos fazer aprender, superar e melhorar a cada dia, é o que faz sentido na nossa trajetória de vida.