Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos
Uma luz no final do túnel – No dia 1º de julho do corrente ano, a Frente Parlamentar na Câmara de Guarulhos, com a presença de candomblecistas, autoridades, além da CPDA/OAB – Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil, discutiram essa importante questão, ou seja, o fim do sacrifício de animais em rituais religiosos de origem afrodescendente, o que realmente é uma ótima notícia, abrindo as portas para o fim do sofrimento animal. Também, estiveram presentes o sumo sacerdote cubano e Babalorixá Samyer Phrurll do culto Yezam, dr. em Ciências Teológicas, conhecido como Ala Mesecam Meyé, autoridade máxima em relação aos rituais sem animais, em sua terra natal e a sacerdotisa brasileira Solange Buono, yalorixá no culto Yezam, iniciada no Candomblé aos 15 anos de idade que teve como zelador no santo aquele que introduziu essa religião no Brasil, o professor e catedrático Agenor Miranda Rocha, adepto do Candomblé Verde, utilizando as energias da natureza.
Aliás, o senhor Agenor cunhou uma frase interessante que precisa ser entendida e refletida pelos adeptos dessa religião – ” o sangue que deve correr nos terreiros de Candomblé é a seiva da natureza e não o dos animais”. Isso comprova efetivamente o seu entendimento liberto dos grilhões do atraso espiritual, afinal, os animais são seres sencientes, consequentemente vivos e não podem ficar expostos e à mercê de tais sacrifícios em nome dos Orixás. É bom que entendamos que Orixá é luz e, sendo assim, dispensa a materialidade. Destacou também que na África, em especial a Nigéria, os rituais religiosos dispensam a utilização de animais e que há leis proibitivas para esse fim e tudo se modificou há muito tempo. Houve evolução!
A UMBANDA PURA É PRIMA-IRMÃ DO CANDOMBLÉ E NÃO SACRIFICA ANIMAIS
Ambas cultuam os mesmos Orixás – por que então no Candomblé exige-se o sangue animal e na Umbanda não? Qual a razão do paradoxo?
Há um fato curioso que merece nossa apreciação e imparcial reflexão: embora a Umbanda seja religião de origem brasileira, cultua os mesmos Orixás do Candomblé. Embora primas-irmãs, uma exige o sacrifício animal, no caso, o Candomblé tradicional; a Umbanda, com os mesmos Orixás e entidades espirituais, não!
Qual a razão da incoerência ou discrepância no entendimento sobre espiritualidade? O que leva o Candomblé a sacrificar animais e a Umbanda dispensar essa rotina religiosa?
Na Nigéria (África) não se pratica mais tais rituais com sangue animal e este paradigma está se estendendo por todo continente africano. Por que no Brasil tem que ser diferente? Qual a motivação para esse fim, cientes que somos que Orixá é luz, elevação espiritual, o que é incompatível com atitude primitiva?
Em São Paulo, o Ylê de Sanzaruban, um dos maiores terreiros de Candomblé de todo o Estado NÃO pratica ritual com sangue animal. A babalorixá acrescentou aos fundamentos da religião afrodescendente temáticas do Budismo, respeitando a vida dos animais e, consequentemente, de toda a natureza.
COMO PALESTRANTE NA 22ª CONFERÊNCIA NACIONAL DA OAB EM 2014 NO RIO DE JANEIRO, PRESENCIEI UM FATO INSÓLITO
Orixá é luz, portanto, não exige sangue animal
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