Se correr o bicho pega
Há quem se recuse a admitir que o mundo hoje é outro. As pessoas estão antenadas na internet. Todas as idades, todas as tribos. Quem não acredita se estrepa. Vide quem pensava que televisão resolveria as eleições. Não. Foram as mensagens curtas, diretas, objetivas e com direção certa, com alvo na população descrente e enojada que ganharam o pleito.
Há muita coisa a ser extraída dessa realidade.
As eleições custam bastante. Obrigam a uma logística incrível. Recrutam-se milhões para o trabalho gratuito nas zonas eleitorais, requisitam-se escolas, faz-se o transporte de urnas eleitorais, o trânsito fica ainda mais caótico. As pessoas preferem justificar a enfrentar a dificuldade de locomoção e o desconforto.
Há de se pensar em votar em casa ou onde se estiver, com qualquer mobile que se tenha à mão. A tecnologia disponível já permite isso. Custará menos e o resultado será apreciado por aqueles que votam por obrigação, já que aqui – anacronicamente – o sufrágio é obrigatório. Deveria ser facultativo.
Outra coisa que se avizinha para melhor: o ENEM, outra grande concentração de pessoas jovens, com angústia das famílias, perda de horário, outra vez requisição de espaço físico e gastos com pessoal para fiscalizar, operacionalizar e corrigir as provas.
O prenúncio é o mais alvissareiro: o futuro do NEM é uma prova online em várias etapas, ao longo do ano, eliminado o temido e terrível dia “D”.
A vida precisa ser facilitada, não dificultada. Outra coisa que tem de acabar: os “orelhões”, que são depredados, destruídos, danificados e pichados, cada vez mais inúteis. Se as concessionárias pudessem reverter o custo da manutenção para cobrir o país inteiro com a banda larga, seríamos cada vez mais bem servidos.
Haverá coragem para reconhecer o óbvio? Há coisas evidentes que não funcionam no Brasil e que ninguém tem coragem de alterar. Temos urgência de uma criança que passe a gritar que “o rei está nu”, para ver se assim acordam aqueles que mamam nas tetas da Pátria e que não querem alteração que venha a prejudicar sua mamata.
A única certeza é a de que a permanecer na mesma inércia, outras nações continuarão a nos engolir. Não fique parado, Brasil! O progresso te come. E não adianta correr pouco. Lembre-se de que, se correr devagar, o bicho-progresso te alcança e te destrói.
*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Uninove, palestrante, conferencista e consultor jurídico.