“Se todo mundo fizer um pouco, tem jeito”, acredita idealizadora do projeto “Empresta o Batom”

Matéria: Paula Partyka

 Projeto visa dar oportunidade para pessoas em vulnerabilidade social por meio da beleza e autoestima

 A OSCIP Trilhos do Jequitibá é uma organização sem fins econômicos, que atua como uma incubadora de projetos. O que move os responsáveis, de acordo com o presidente, Hilário Argemiro, é a vontade de fazer o bem.

Sendo uma incubadora, se você tem a vontade de implementar um projeto na cidade você deve apresentá-la para a diretoria da instituição. Essa diretoria é composta pela presidente da OAB de Jaguariúna, psicólogos, engenheiro civil, engenheiro ambiental, nutricionista e outros.

Se o projeto for aceito, por meio da OSCIP são abertas portas e você é conduzido até que seu projeto ganhe asas. Atualmente, são quatro frentes na Trilhos. Um projeto de compostagem (matéria sobre este projeto na edição anterior, sábado, 29), um de hortas urbanas, um de combate a dengue e o projeto “Empresta o Batom”.

Quando uma mulher vê a outra passando o batom, geralmente pede emprestado. Não só o batom, mas coisas de beleza em geral. E pensando nisso as idealizadoras Regina Helena e Silvia Rodrigues definiram o nome do projeto como “Empresta o Batom”.

Esse projeto tem objetivo de devolver a autoestima para a mulher e para o homem. “Porque a pessoa que se sente bonita, arrumada e se aceita como ela é, não se mata e não se mutila”, começa contando Regina sobre a iniciativa.

Além de idealizadora do projeto, Regina é dona da Fênix Escola de Cabeleireiros, onde são ofertados cursos na área da beleza, de no máximo três meses e não requer escolaridade. “A área da beleza é uma área muito rentável: ela pode trabalhar na casa dela, a domicílio ou abrir um espaço. Ela tem retorno”, conta.

Regina trabalha na área da saúde em Jaguariúna há sete anos e por meio de um serviço social realizado anteriormente com sua irmã Silvia, em São Paulo, notou a melhora da autoestima dos participantes. Por ter tido essa percepção as duas criaram o “Empresta o Batom”.Mas, existe um ponto do qual o projeto necessita para sua sobrevivência, que é o investimento econômico.

A Fênix existe há sete anos e se mantem, agora Regina precisa de doações para continuar tornando o projeto possível. . Regina ressalta que sua empresa é uma coisa e o projeto é outra, coisa que muitos confundem. As doações para o projeto são de uso exclusivo dos alunos do projeto.

Atualmente, são apoiadores do “Empresta o Batom” a OSCIP Trilhos do Jequitibá, a Subsessão da OAB de Jaguariúna, Mudavisão em Compostagem, Associação Carisma e Ambev. Mas, ela ainda precisa de empresas parceiras para fornecer o material dos cursos e tornar cada vez mais acessível para quem realmente precisa.

No Lar de Maria, em Pedreira, por exemplo, Regina conta que há 16 meninas que estão esperando pelo curso de maquiagem e manicure. “Elas estão na casa de recuperação, mas tem um tempo muito ocioso. Elas não fazem muita coisa. E quando elas se recuperam das drogas para onde vão? Como vão trabalhar? Eu acho que se lá de dentro dermos um serviço elas conseguem sair bem”, acredita.

Alguns internos do Lar Feliz e do Carisma fazem curso pelo projeto. Os materiais utilizados por eles são doações de alunos pagantes ou até mesmo custeados pela própria Regina. “Até hoje não consegui nenhum parceiro. Na verdade tenho um parceiro que me ajuda na parte de cremes e produtos para cabelo, mas no projeto tem curso de manicure, barbearia, maquiagem, depilação e cabeleireiro”.

A Fenix é o local onde é realizado o projeto, mas a escola não tem ganho nenhum com isso, pelo contrário. Ela cede o espaço, o professor e a apostila do curso porque acredita que por meio de projetos como esse tem o poder de transformar vidas.

“Eu sou uma empresa e funciono, mas também quero ajudar quem precisa. Eu tenho espaço, tenho capacitação para ensinar e por que não ajudar? Eu não peço dinheiro, eu quero produto”, ressalta.

Regina conta que já propôs um convênio para algumas empresas, que funcionaria assim: a empresa paga R$25 por pessoa beneficiada para usufruir de serviços feitos pelos alunos do projeto. Se ela aceita ser parceira dessa forma, é por um tempo mínimo de três meses que é o tempo que os alunos estão aptos.

“Mas eles acabam visando muito a escola Fênix e não o projeto. Não quero ajuda para a escola, quero ajudar as pessoas que querem recomeçar. Quando fui nessas casas eu vi que as pessoas não querem ir embora, elas estão pedindo socorro e eu quero ajudar essas pessoas sim. É uma oportunidade de recomeço”, disse.

A procura pelo projeto está alta e agora chegou o momento que Regina tem que segurar um pouco a aceitação dos alunos, pela falta de materiais. Em uma análise, a lista para todos os cursos custa cerca de R$2.000,00 e os produtos são usados durante os três meses do curso. Ao ajudar, a empresa também tem benefícios, tanto na parte fiscal quanto com a propaganda dentro e fora do projeto.

“O curso é muito bacana porque ficar bonito não tem preço. Quem não passa o batom e não fica feliz? Pode ser naquele momento, mas elas ficaram felizes. As pessoas tem jeito, tem como sair de uma situação de vulnerabilidade”.

A Regina e Silvia participaram recentemente do Startup Weekend. Um evento que une diversos profissionais que apresentam suas ideias de negócio e quando aprovado juntam-se mentores e especialista para te ajudar e estruturar seu empreendimento.“Fomos com a ideia do projeto “Empresta o Batom” e ficamos entre os 10 finalistas que recebem mentorias de como seguir com o projeto”, explica Regina.

Por se tratar de um projeto social que trabalha com o empoderamento feminino que é um dos tópicos da cartilha de 2030 da ONU, o projeto foi bem aceito e ficamos três dias inteiros estruturando o projeto. Depois, apresentaram para três empresários que gostaram. Com isso, ganharam outros cursos para dar melhor estrutura ao projeto.

 

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