Trabalho conduzido na Embrapa Milho e Sorgo é premiado pela Abrapós

Foto: Marco Aurélio Pimente

Efeitos da praga em grãos de milho

O trabalho “Espectroscopia no Infravermelho Próximo como Método Alternativo para Detecção de Sitophilus zeamais em Milho”, de autoria de estudantes de graduação, pós-graduação e de professores da Universidade Federal de São João del-Rei e da Universidade Federal de Lavras e de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, foi premiado em quarto lugar nos eventos VIII Conferência Brasileira de Pós-Colheita e o V Simpósio Goiano de Pós-Colheita de Grãos, promovidos pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós) realizados entre os dias 24 e 26 de outubro em Rio Verde-GO.

O estudo apresentado foi realizado na Embrapa Milho e Sorgo com a condução dos pesquisadores Maria Lúcia Ferreira Simeone e Marco Aurélio Guerra Pimentel, que integram a equipe de autores. O objetivo do trabalho foi desenvolver um método mais rápido e alternativo aos métodos de referência para a determinação da presença de fases imaturas (ovos, larvas e pupas) de Sitophilus zeamais, inseto conhecido como caruncho-do-milho. Para isso, foi utilizada a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) associada a métodos quimiométricos (conheça mais sobre a técnica aqui). O método foi validado e associado aos métodos convencionais, buscando otimizar as análises na rotina laboratorial. A praga é considerada de grande importância econômica e a principal responsável por prejuízos durante o processo de armazenagem e ataca não só o milho, como também outros cereais, como o trigo, arroz, cevada e triticale.

De acordo com o trabalho premiado, “a identificação precisa e automatizada de insetos-praga é crucial para a tomada de decisões. A legislação para classificação de grãos estabelece limites máximos de tolerância para grãos carunchados, ou seja, atacados por insetos que atacam grãos armazenados e produtos derivados. Os limites máximos de grãos carunchados, por exemplo, em milho, não podem ultrapassar 4%, o que enquadra um lote como Tipo 3. Algumas indústrias, processadores e em situações de exportação toleram no máximo 2% de grãos carunchados em um lote de milho. A espectroscopia NIR oferece uma abordagem promissora para a rápida detecção de insetos e permite uma análise não destrutiva, contribuindo para a comercialização de produtos mais seguros e saudáveis”. A técnica denominada NIRS, sigla em inglês para “espectroscopia de infravermelho próximo”, permite mais acurácia e rapidez na identificação da praga.

Ainda segundo o estudo, “as técnicas utilizadas para identificação de infestações em grãos consistem na observação manual, seja de orifícios de saída de adultos após emergência, de marcas de galerias nos grãos ou pela observação da presença de insetos adultos numa massa de grãos. No entanto, esses métodos podem gerar falhas de diagnóstico, devido ao ciclo de vida do inseto, onde as fases larvais e de pupa pode estar em desenvolvimento internamente nos grãos, dificultando a visualização e dispendendo métodos onerosos e demorados, como corte de grãos para visualização interna. A espectroscopia NIR, combinada com métodos quimiométricos, surge como uma ferramenta analítica eficaz para análise de alimentos e produtos agrícolas”.

Resultados promissores

De acordo com os autores do estudo, os resultados demonstram que o método desenvolvido é altamente eficaz na classificação da qualidade do milho com base na presença de insetos, especialmente o Sitophilus zeamais. “Resultados obtidos pelo nosso grupo, em trabalhos complementares, demonstraram alta precisão com 100% de acerto para a identificação de grãos infestados com Sitophilus zeamais em sorgo. Esses resultados mostraram que a combinação de NIRS com métodos de classificação como o PLS-DA fornece uma maneira rápida, eficaz e não invasiva de detectar infestação por insetos em grãos de milho”.

“O modelo desenvolvido no trabalho apresentado na conferência demonstrou alta precisão e veracidade, sugerindo sua viabilidade como abordagem alternativa. Todas as amostras de validação com infestação acima de 4% foram classificadas com 100% de acerto, validando a capacidade do modelo em identificar amostras com alta infestação. A implementação do modelo PLS-DA tem o potencial de agilizar a identificação de insetos em grãos de milho, otimizando as análises laboratoriais e contribuindo com as análises de qualidade de grãos na recepção em indústrias e armazéns. Essa técnica, que se mostrou eficaz para avaliar a qualidade do milho, pode ser adaptada para outras aplicações, com grande potencial de melhorar a detecção de pragas, associado às análises de composição química dos grãos, contribuindo para a segurança e qualidade dos produtos agrícolas”, concluem os autores no trabalho publicado.

Sobre o evento e a premiação

A VIII Conferência Brasileira de Pós-Colheita e o V Simpósio Goiano de Pós Colheita de Grãos, promovidos pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós) e que têm a Embrapa como co-promotora, reuniram 600 participantes e cerca de 40 expositores de várias regiões do Brasil, que apresentaram inovações em equipamentos para armazenagem, silos, secadores, medidores de umidade de grãos, implementos, insumos e demais produtos e serviços utilizados no pós-colheita. Durante os três dias de evento foram realizados seis painéis e 18 palestras, sendo que o último contou também com trabalhos de estudantes e pesquisadores que foram selecionados para serem exibidos na programação. Os cinco melhores foram premiados, sendo que o estudo conduzido na Embrapa Milho e Sorgo ficou na quarta colocação.

De acordo com o pesquisador Marco Aurélio Guerra Pimentel, da Embrapa Milho e Sorgo, a comissão científica da VIII Conferência Brasileira de Pós-Colheita selecionou 10 trabalhos para apresentação oral. “Entre os trabalhos selecionados para apresentação oral, os cinco primeiros foram premiados. O trabalho que apresentamos ficou em quarto lugar, recebendo premiação no evento, dentre 50 trabalhos submetidos. Além da premiação, recebemos muitos retornos positivos sobre a tecnologia e interesse de parceiros externos para aplicação dos modelos gerados”, concluiu o pesquisador.

Clique aqui e tenha acesso ao trabalho na íntegra. Saiba mais sobre os eventos da Abrapós em https://cbp2023.abrapos.org.br/ .

Conheça os autores do trabalho

Edislane de Araújo Souza: Estudante de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de São João del-Rei (Campus UFSJ Sete Lagoas-MG);

Maria Lúcia Ferreira Simeone: Pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo;

Marcus Vinicius Rodrigues Matos: Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de São João del-Rei (Campus UFSJ Sete Lagoas-MG);

Artur de Souza Mamedes: Estudante de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de São João del-Rei (Campus UFSJ Sete Lagoas-MG);

Ezequiel Garcia de Souza: Estudante de Doutorado em Entomologia, Universidade Federal de Lavras (Ufla);

Felipe Machado Trombete: Professor de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de São João del-Rei (Campus UFSJ Sete Lagoas-MG);

Marco Aurélio Guerra Pimentel: Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.

Guilherme Viana (MTb 06566/MG)
Embrapa Milho e Sorgo