UMA CASA DA MEMÓRIA, POR QUÊ?

Ela recolhe todos os documentos antigos de uma cidade? Por que ela junta todas as fotografias e em cujo cenário figuram paisagens de épocas passadas da cidade? Que compromisso é este com o passado? Retratos antigos são preciosas páginas de história registradas naquelas imagens, alguns em papel grosso, duro, amareladas, descoradas e com rasuras. Outras, em preto e branco, fotos que faltam pedaços, outras, com “durex”. Porém, todas, muito interessantes. Esta Arte tem o poder de registrar uma época com encantadora precisão. Trata-se de um documento histórico que espelha e imortaliza intensamente uma realidade social.
Um olhar cuidadoso penetra além da superficial imagem e visualiza uma época movimentando-se. Ela permite observar os usos e costumes, revelando uma história de uma época que ficou cristalizada em uma imagem.

Mostra uma paisagem trabalhada pelo homem. É o que chamamos uma Paisagem Cultural. Na Casa da Memória Padre Gomes de Jaguariúna há uma seção que restaura fisicamente o documento, empregando, inclusive, papel importado japonês, assim como visualiza a imagem, melhorando-a, consideravelmente, sem alterá-la! A arte fotográfica, assim como a arte literária, através da leitura de um bom livro, saboreia-se um texto através da palavra que mostra a realidade social de uma época.

Aquela palavra que tem um sentido múltiplo e pessoal que o leitor vai interpretando nas entrelinhas do texto. E vai aprofundando-se na paisagem cultural, na história de uma época. Daí os historiadores analisarem os documentos fotográficos e toda a literatura do tempo em pesquisa antes de escrever o discurso histórico. Eles pesquisam antes os seus monumentos arquitetônicos, buscando estudos arqueológicos, selecionando o patrimônio histórico cultural material e imaterial de uma civilização, antes de escrever a História. Percebam agora a importância de esta cidade dispor de uma Casa da Memória, uma Instituição Pública Municipal que procura recolher todo o seu acervo histórico para depois disponibilizar para consultas e estudos.

Eis aí o porquê de uma Casa da Memória para uma cidade! Os poderes Públicos de Pedreira, Santo Antônio de Posse, Holambra, Artur Nogueira, Cosmópolis por que não a criam, se ainda não dispõem dela? As gerações mais antigas vão passando e com elas podem desaparecer um riquíssimo material para recolha, organização, disponibilização e estudo. Os Arquivos municipais estão bem cuidados? Assim se criou uma Casa da Memória em Jaguariúna em seu 16.º ano de trabalho e produção cultural. Assim foi constituída e tem sido mantida pelas Administrações Municipais com carinho e zelo para tão nobre finalidade. As cidades precisam recolher também a tradição oral, gravando a Memória dos Velhos, além de buscar reunir todos os documentos fotográficos e escritos da História da cidade.

A escritora Ecléa Bosi em “Memória da Cidade” escreve que “a memória oral é fecunda, quando exerce a função de intermediário cultural entre gerações”. Daí a importância das referidas gravações, material para estudo. Urge zelar pelo Patrimônio Cultural Material e Imaterial da cidade. Preservar todos os documentos históricos, as construções que são verdadeiros monumentos da arquitetura de uma época, como todas as histórias locais, lendas, receitas, rezas, festas populares, danças… Lembremos a todos os munícipes que cidadania é exercer o seu compromisso com a municipalidade, colaborando com a juntada geral deste acervo, procurando, encontrando e levando para as Casa de Memória de sua cidade tão fecundo material.

Tomaz de Aquino Pires