Você conhece o valor da água?

Qual será uma das maiores preocupações do ser humano nos dias atuais? Facilmente vem à cabeça as questões climáticas e, principalmente, de acesso a água. Indo além, é hora de reforçarmos um debate em torno da ESG (Environment, Social and Governance), que é o impacto que as empresas têm em três áreas superimportantes: meio ambiente, social e governança corporativa.

Ao incorporar o ESG ao negócio, fica mais claro qual é o consumo de matéria-prima, as mudanças climáticas e o desenvolvimento socioeconômico que permeiam a organização. Também, como suas atividades afetam a renda, a riqueza e o crescimento global no futuro – algo que precisa estar, mais do que nunca, enraizado no dia a dia.

Vamos trazer para o lado prático. Acordar de manhã cedo em um dia de verão para ir trabalhar. Muitas pessoas pensam logo no banho que vão tomar. Ao meio-dia, calor escaldante, é hora de outro banho. E ao final do dia, com as costas e as testas suadas por conta dos mais de 30º graus lá fora? Outro banho.

Pareceu muito os banhos? Pois o brasileiro toma, em média, 12 duchas por semana, segundo uma pesquisa. Ou seja, algo em torno de 2 chuveiradas a cada dia. E a cada entrada no chuveiro são liberados cerca de 135 litros de água, em um banho de apenas 15 minutos – fora os afazeres com lavagem em geral.

Agora quando falamos de indústrias e empresas o problema é ainda maior. Ao mesmo tempo que nosso país consegue liderar o ranking com maior concentração de água doce no mundo, figura entre os que mais desperdiçam e poluem. Segundo relatório do Instituto Trata Brasil, nossa nação segue piorando seus números em relação a gestão hídrica. Somente nos primeiros seis meses de 2022, 40% de toda o líquido potável captado foi perdido, em grande parte por vazamentos, falhas na distribuição ou até mesmo furtos. Para dar uma maior dimensão, é como se o Brasil simplesmente jogasse fora o montante suficiente para abastecer quase 8 mil piscinas olímpicas diariamente, algo que conseguiria abastecer por um ano quase 66 milhões de pessoas.

Iniciativas governamentais como a meta estabelecida pelo Marco Legal do Saneamento, buscam reduzir esse desperdício em todos os estados nacionais para 25%, algo de certa forma desafiador para locais como Amapá que tem 74% de perda. Ocorre, porém, que segundo dados da Confederação Nacional da Indústria, até 2030, o uso de água no Brasil deve aumentar em 24%. E, de acordo com a ONU, até 2050 mais ou menos 5 bilhões de pessoas sofrerão com a falta de água. Só no Brasil, por exemplo, temos já 35 milhões de pessoas sem acesso a ela.

Então, como a ESG entra para apoiar as mudanças necessárias para um consumo consciente de água, por exemplo?  A tarefa é uma responsabilidade que todos devem assumir, especialmente, as empresas que precisam ter um papel ativo na preservação desse recurso vital.

Uma das primeiras etapas é ter uma clara conscientização sobre o consumo, seja de uma análise detalhada de seus padrões de uso, identificando áreas de desperdício até mesmo passando pela conscientização dos funcionários através de treinamentos regulares. A reutilização da água é uma das ideias sustentáveis mais eficazes, desta forma, as empresas podem implementar sistemas de captação da chuva para uso em atividades não potáveis, como lavagem de piso.

A tecnologia também pode ser uma aliada importante nesse combate. A implementação de sistemas de monitoramento e controle inteligentes, como sensores de umidade do solo e sistemas de irrigação controlados, podem otimizar o uso da água. Por fim, as companhias podem buscar certificações e selos que validem seus esforços visando a sustentabilidade.

A conservação da água é uma preocupação urgente em todo o mundo. Ao adotar práticas e implementarem ideias inovadoras, as empresas podem ter um papel significativo na preservação desse recurso vital. Além dos benefícios ambientais, a economia de água também resulta em economia financeira para as empresas em direção a um futuro sustentável, onde a água é valorizada e preservada para as gerações futuras. Faça parte dessa mudança e deixe sua marca na conservação da água!

Por Camillo Torquato – CEO e Founder da T&D Sustentável, greentech do segmento de “Construção Civil e Sustentabilidade” que tem como propósito desenvolver tecnologias e serviços totalmente focados no combate ao desperdício de água.