Faça você mesmo: aprenda! – Larissa Priscila Bredow Hilgemberg

(créditos: https://bizcool.com.br/a-era-do-do-it-yourself/)

“Faça você mesmo”, em inglês, Do It Yourself (DIY), é um movimento que nasceu nos Estados Unidos na metade do século XX, porém é bastante conhecido e, nas casas brasileiras, este conceito vem ganhando espaço.

Mas o que significa o “fazer você mesmo”? O “faça você mesmo” se refere a aprender e criar sozinho de tudo um pouco. A aprendizagem normalmente se dá pela internet, com tutoriais em vídeo ou passo a passo que ensinam os mais diversos ofícios e criações: diferentes penteados, receitas culinárias, fabricar os próprios móveis, costurar modelos de roupas ou criar jardins verticais, fotografias divertidas e decorações com todo tipo de objetos e lixo reciclável.

O sucesso é tanto que atinge vários públicos e faixas etárias. Minha mãe, por exemplo, com seus quase 70 anos, vive compartilhando em seu Facebook e testando tutoriais de culinária, cuidados com as plantas e até máscaras de tecido feitas com camisetas velhas. De vez em quando, meu pai também surge com alguma novidade que ele mesmo fez. A última criação foi um mini passador de café, com base de madeira e filtro de pano – um luxo que uso todos os dias, devo confessar.

Na outra ponta, minha filha de apenas 5 anos quase sempre vem com alguma invenção que viu no YouTube, pedindo para que eu a ajude a produzir. Alguns inventos são mais fáceis e possíveis de fazer, como brinquedos com papel ou garrafas plásticas, roupinhas pras Barbies e Pollys, maquiagens coloridas e massinhas de modelar feitas com água e farinha. Outras invenções são um desafio, ou mesmo impossíveis de serem confeccionadas, como quando ela me pediu pra ajudá-la numa máquina de fazer refrigerante – mesmo que ela não goste de refrigerante.

Eu mesma já me rendi faz tempo ao movimento “Faça você mesmo”. Já fiz decorações de festas (casamentos e aniversários) com tutoriais e inspirações buscadas na internet, e ainda aprendi a fazer bolos, bolachas e outros quitutes; Com a ajuda do meu marido, construímos pequenos móveis para casa. E a lista continua.

O “Faça você mesmo” me lembra de uma metodologia ativa, a da “Aprendizagem Mão na Massa”. Aliás, as metodologias ativas são relativamente novas, assim como o movimento DIY, e vem numa crescente de repensar nossos modelos tradicionais de ensino, tirando o professor do centro do processo e admitindo que os estudantes sejam os protagonistas de suas aprendizagens. Bom, mas essa pauta fica para outro texto.

A Aprendizagem Mão na Massa é, basicamente, o “Faça você mesmo” dentro do ambiente escolar. Ela também é denominada cultura Maker, ou seja, os estudantes aprendem fazendo, ou como a própria expressão diz, colocando a mão na massa. Se pensarmos, este tipo de aprendizagem já acontece há algum tempo, mas ficava no plano familiar e doméstico; na escola por muito tempo predominou apenas a aprendizagem teórica, sem a possibilidade da prática.
Ao transformarmos a sala de aula em um espaço propício para a prática, transformamos também a escola em laboratórios e recriamos os espaços sociais dos estudantes. Assim, damos sentido às aprendizagens, inclusive teóricas. Nossos estudantes aprenderão observando, realizando e vendo objetos, experiências e conteúdos sendo criados e transformados. Quando damos sentido aos conhecimentos, possibilitamos que estes sejam não só decorados, mas aprendidos e apreendidos.
Voltando ao Faça Você Mesmo, o interesse nos tutoriais e passo a passos por diferentes faixas etárias, gêneros e classes sociais também confirma algo que há tempos estudiosos e teóricos da educação e da psicologia vêm estudando e afirmando: todo mundo pode aprender.

A partir de diferentes interesses e habilidades, qualquer pessoa pode adquirir conhecimento, ser criativa e, por que não, ensinar também. Afinal, assim como há quem consome estes tutoriais, há quem os crie, e encontramos criadores de conteúdo da primeira infância até a melhor idade.

Pode parecer algo tão básico o que afirmei acima, mas é importante sempre (re)lembrarmos: todo ser humano é capaz de aprender! Esquecemos com frequência desta premissa. Ao assistir a um vídeo, se somos capazes de replicar os conhecimentos adquiridos, e mais, construir algo novo a partir destas aprendizagens, temos em nós a magnífica capacidade de aprender.

E aqui, faço um convite a você, caro leitor, que se interessou sobre esse conteúdo: pesquise um pouco mais sobre alguns estudiosos da educação como Piaget, Vygotsky, Montessori, Dewey e Gardner.

Convido você também a pesquisar nesse incrível mundo virtual sobre algo que você gosta e se interessa, sobre algo que você gostaria de aprender a fazer e criar e nunca se sentiu capaz.

Você pode encontrar tutoriais incríveis e se tornar um expert. Não vou dizer que é fácil, pois, às vezes, é necessária mais de uma tentativa para conseguirmos produzir algum objeto, receita ou conteúdo. Outras vezes, precisamos procurar mais de um tutorial ou então adaptar materiais e processos à nossa realidade. Mas se você ler os estudiosos que citei acima, vai entender que o processo de ensino-aprendizagem é complexo, mas também é maravilhoso.

Enfim, faça você mesmo aquilo que só você pode fazer por você mesmo: aprender! E divirta-se!

 

Autora: Larissa Priscila Bredow Hilgemberg, licenciada em Letras, Pedagogia e História, especialista em Educação Corporativa e Docência EAD, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter.

 

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