MEMÓRIAS DOS VELHOS REGISTRADAS E OS PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS MANTIDOS

Para o registro da Casa da Memória é precioso e agradável coletar lúcidas memórias e saudosas histórias daqueles que presenciaram os primeiros tempos do Distrito de Paz de Jaguari, que conviveram com as primeiras famílias e testemunharam o espetáculo da vida, estruturando o começo da antiga Vila. A Casa da Memória procura coletar histórias orais dos idosos. Suas Memórias precisam ser gravadas para esta CASA como um documento para estudo da posteridade. A escritora Ecléa Bosi procedeu desta forma ao escrever sua obra “Memória dos Velhos”, documento precioso onde afirma que a memória oral é fecunda, quando exerce a função de intermediário cultural entre as gerações.

Quantos anciãos que se encontram muito lúcidos e, com prazer, relatam suas memórias! Os familiares que desfrutam do privilégio de ouvir suas histórias devem procurar esta instituição a fim de receber orientações como proceder a fim de que possamos providenciar que as suas memórias sejam gravadas.

Estarão exercendo tal intermediação cultural através de sua fala! Há também outras medidas que dizem respeito ao patrimônio que seria oportuníssimo neste momento, considerar. São providências urgentes que precisam ser tomadas pelos poderes públicos. Em benefício da História da terra e do acervo para estudo de seus cidadãos é preciso preservar, manter, conservar, restaurar, apoiar, incentivar, buscar sempre incentivos fiscais, para tudo aquilo que se refira ao PATRIMÔNIO da cidade, à sua História.

Se a cidade não preservar a sua identidade, isto é, seu patrimônio histórico, ela se descaracterizará, tornar-se-á anônima, sua seiva de vida secará. As construções antigas portadoras de característico estilo de época são testemunhas da história de seu povo, sendo marcos não podem ser destruídas, pois um povo sem memória é um povo sem passado e sem futuro. Há muros de taipa de pilão construídos pelos negros escravos, no século XIX, em fazendas históricas, que já foram, impiedosamente, derrubados. Há sede de fazenda de café abandonada, perdendo-se; outra sofrendo intervenção moderna. Falta uma cartilha sobre Patrimônio Histórico a ser trabalhada em nossas Escolas. Pois uma sociedade não pode perder os elementos materiais e imateriais que testemunharam sua evolução.

Quando isto ocorre, está perdendo-se o respeito pelos cidadãos e negando-lhes o mais fundamental direito da cidadania que é a sua História (Dr. Emanuel Von Lauenstein Massarani). Os onze imponentes casarões construídos pelo fundador da cidade, Cel. Amâncio Bueno, em 1894, projeto do engenheiro ferroviário alemão, Wilhelm( Guilherme) Giesbrecht, a partir dos anos 50 foram sendo destruídos, por falta de conscientização de seu valor histórico, artístico e arquitetônico. Seis deles foram postos no chão, grosseiras reformas destruíram as linhas arquitetônicas de outros três, descaracterizando totalmente o seu estilo de época. Dois foram salvos e encontram-se restaurados. Se fossem mantidas as paredes externas com suas fachadas originais em nove deles, a história estaria pouco mais “preservada”. A preservação do patrimônio não amarra o progresso, antes sublima-o.

“Caminhar para um futuro planejado requer, no presente, a retrospectiva do embasamento histórico. É preciso fazer destes patrimônios um ponto de atração turística e de desenvolvimento para o município”: “Ao invés de estar eternamente preocupados com novas construções, devemos intensificar o resgate do nosso patrimônio cultural construído pela engenharia e pela arquitetura de nossos antepassados” (Dr. Massarani, ex-presidente do Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico de SP). Valorizar o nosso patrimônio histórico, mantendo-o, restaurando-o, preservando-o, adaptando-o para novas funções que a economia e o progresso exigem, é sublimar o progresso. As Memórias dos Velhos registradas e os patrimônios culturais materiais e imateriais preservados salvam nossa História, nossas memórias, nossa identidade.

TOMAZ DE AQUINO PIRES