O FUTURO DO DIREITO NO AGRONEGÓCIO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES

O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, responsável por uma parcela significativa do PIB e das exportações do país. No entanto, a complexidade crescente desse setor, aliada às demandas globais por sustentabilidade, inovação tecnológica e comércio internacional, coloca o direito em uma posição central para moldar o futuro do agronegócio. A evolução das leis e regulamentações será crucial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades emergentes nesse cenário dinâmico.

SUSTENTABILIDADE E REGULAÇÃO AMBIENTAL.
A questão da sustentabilidade é um dos principais fatores que influenciarão o futuro do direito no agronegócio. Com o aumento das preocupações globais sobre as mudanças climáticas, a degradação ambiental e a preservação da biodiversidade, a legislação ambiental está se tornando cada vez mais rigorosa. As empresas do setor terão que se adaptar a normas mais restritivas, que incluem a redução das emissões de gases de efeito estufa, a gestão responsável dos recursos hídricos e a preservação de áreas de floresta nativa.

Além disso, o mercado consumidor está cada vez mais atento às práticas sustentáveis, pressionando por uma produção agrícola que respeite os padrões ambientais. Nesse contexto, o direito terá um papel fundamental na criação e aplicação de políticas públicas que promovam a sustentabilidade, incentivem práticas agrícolas sustentáveis e punam o desmatamento ilegal e outras infrações ambientais.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E DIREITO DIGITAL.
Outro aspecto crucial para o futuro do direito no agronegócio é a incorporação de novas tecnologias. A agricultura digital, com o uso de drones, sensores, big data e inteligência artificial, está revolucionando o setor, permitindo maior eficiência, produtividade e sustentabilidade. No entanto, essa transformação tecnológica traz consigo novos desafios jurídicos.

A proteção de dados, por exemplo, será uma questão central. Com o aumento do uso de tecnologias digitais no campo, grandes volumes de dados estão sendo gerados, o que levanta preocupações sobre a privacidade e a segurança da informação. O direito precisará evoluir para garantir que a coleta e o uso desses dados sejam feitos de forma ética e segura, respeitando a privacidade dos produtores e trabalhadores rurais.

COMÉRCIO INTERNACIONAL E BARREIRAS REGULATÓRIAS.
O agronegócio brasileiro está profundamente integrado ao comércio internacional, exportando produtos para todos os continentes. Nesse sentido, as barreiras regulatórias impostas por outros países representam um desafio significativo. Questões como certificações, rastreabilidade e padrões sanitários exigem uma atenção constante dos operadores do direito para garantir que os produtos brasileiros possam acessar os mercados internacionais sem entraves.

Além disso, acordos comerciais e disputas internacionais serão áreas cada vez mais relevantes para o direito no agronegócio. Advogados especializados precisarão ter um conhecimento profundo tanto das leis nacionais quanto das regulamentações internacionais para navegar nesse ambiente complexo e garantir que o Brasil continue a ser um protagonista no mercado global de alimentos.

O futuro do direito no agronegócio será marcado por uma maior complexidade e pela necessidade de adaptação a um mundo em rápida mudança. Sustentabilidade, inovação tecnológica e comércio internacional são apenas alguns dos temas que demandarão atenção. O desafio para os profissionais do direito será antecipar essas mudanças e desenvolver soluções jurídicas que permitam ao agronegócio brasileiro crescer de forma sustentável e competitiva, garantindo a proteção do meio ambiente e o respeito às normas internacionais.

Dr. Caius Godoy (Dr. Da Roça), Advogado e Presidente da Comissão de Agronegócios   e Assuntos Agrários da OAB Jaguariúna.
e-mail: caius.godoy@adv.oabsp.org.br