Alunos sofrem com a falta de professores na rede estadual

Realidade apurada pelo ‘CORREIO DO POVO’ atinge escolas de Santo Antônio de Posse, Mogi Mirim e Mogi Guaçu

“A gente está há mais ou menos uns três meses sem professor. Nosso dia na escola sem professor é bem chato, às vezes ficamos fora da sala, às vezes dentro da sala sem fazer nada, ou a gente fica na sala de informática jogando e vendo filmes”. O  depoimento de uma aluna do primeiro ano do ensino médio da rede estadual de ensino de uma escola de Santo Antônio de Posse retrata bem um cenário preocupante: a falta de professor efetivo dentro da sala de aula.

A reportagem do ‘CORREIO DO POVO’ investigou a falta de professores em cidades da região, e apurou a mesma realidade em escolas de Santo Antônio de Posse, Mogi Mirim e Mogi Guaçu. A estudante ouvida pela reportagem disse que o problema atinge não apenas uma disciplina. “Estamos sem professor de várias matérias. Basicamente, a gente tem  poucos professores que dão aula para a gente e os que dão, são substitutos e não explicam muito bem”, lamentou.

A subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Mogi Mirim, cuja área de abrangência também envolve as cidades de Artur Nogueira, Engenheiro Coelho, Estiva Gerbi, Itapira, Mogi Guaçu e Santo Antônio da Posse, confirmou o que o ‘CORREIO DO POVO” apurou.

“Procede (a falta de professores) e isso não acontece somente em nossa região, é uma realidade que atinge todo o Estado de São Paulo. Não temos professores efetivos o suficiente para atender os alunos e nem mesmo professores substitutos”, apontou Ricardo Botaro, representante da entidade sindical em Mogi Mirim.

Para Botaro, são vários os motivos que tem causando esse problema  para os alunos. Um deles seria o plano de carreira da Educação instituído recentemente pelo Governo do Estado. Botario entende que o novo plano trouxe prejuízo para classe docente e, por isso, muitos  professores estão procurando outras ocupações para melhorar a renda familiar.

“Antigamente, a pessoa que trabalhava no comércio saía do emprego para virar professor, Hoje, temos visto o efeito contrário, professores deixando a sala de aula para buscar um emprego no comércio ou na indústria porque são setores que estão pagando mais. Infelizmente, a situação do professor é caótica, com salários baixos e totalmente desprestigiado, deixado de lado”, lamentou.

Para suprir a falta de professores, Botaro disse que o governo tem procurado por profissionais de outros segmentos, como engenheiros,  advogados e enfermeiros, mas que tenham o mínimo na formação  profissional em disciplinas como matemática, filosofia e história. A  mudança, segundo ele, é reverter a legislação.

Questionada pela reportagem, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou, por meio de uma nota, que segue regularmente com contratações abertas e com atribuições de aulas disciplinares diariamente pelo sistema para atendimento às unidades escolares da rede.

A pasta esclarece que, quando há a ausência pontual de algum professor disciplinar, as aulas são ministradas por professor eventual, professor de apoio a tecnologia e inovação (PROATEC) ou coordenador, com apoio do Centro de Mídias SP, de modo que não haja prejuízo pedagógico aos estudantes.

 

 

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