Curso na Embrapa promove o intercâmbio de conhecimentos em redes de agroecologia
O tema “Gestão de redes de agroecologia: interação para o desenvolvimento rural sustentável” mobilizou 55 participantes, em dois dias de curso realizado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). O evento ocorreu em 30 e 31 de agosto, com abordagens em gestão de redes de agroecologia apresentadas por especialistas da Embrapa Meio Ambiente, da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de Viçosa. O público participante foi constituído por agricultores familiares, extensionistas rurais, pesquisadores, estudantes e docentes universitários.
Teve início com a apresentação do histórico, conceitos e princípios da Agroecologia, pelo pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho, da Embrapa Meio Ambiente. Abordou especialmente os fundamentos da Agroecologia, com enfoque na relação entre a construção de saberes agroecológicos e o papel das redes. Em seguida, Lucimar Santiago de Abreu e Maria de Cléofas Faggion Alencar, também da Embrapa Meio Ambiente, trataram do tema “Redes alimentares alternativas e novas relações produção-consumo na França e no Brasil”. Destacaram as modalidades e características dos circuitos curtos de alimentos produzidos em bases ecológicas; os aspectos de circulação e comercialização em rede; assim como as novas relações produção-consumo.
Vivianne Lucas do Amaral, especialista em redes sociotécnicas, apresentou os princípios da organização em rede e da cooperação em processos coletivos. Estabeleceu as modalidades de interações sociais em diversos formatos de articulações em redes. Irene Maria Cardoso, da Universidade Federal de Viçosa, abordou as políticas públicas em Agroecologia e o papel das redes sociotécnicas. Enfatizou o processo de consolidação da Agroecologia a partir dos movimentos sociais no campo; as contribuições da ANA – Articulação Nacional de Agroecologia e da ABA – Associação Brasileira de Agroecologia; a importância do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica; com destaque para as iniciativas de intercâmbio de experiências promovidas em diversas regiões do território nacional.
O tema “Gestão de redes de Agroecologia e estudos de caso” foi tratado conjuntamente por Marcos Sorrentino, professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo, e Francisco Miguel Corrales, analista da Embrapa Meio Ambiente. Nesse componente do curso foram consideradas as potencialidades e os desafios para a gestão de redes agroecologia. Dentre os estudos de caso tratados: a Rede Ecovida, a Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro e a Rede de Agroecologia do Leste Paulista. Marcos Sorrentino destacou ainda a importância da construção participativa de projetos político-pedagógicos, como instrumento estruturante das redes de agroecologia.
O evento também privilegiou o intercâmbio de conhecimentos, não apenas nos debates que se seguiram às apresentações temáticas, mas também em trabalhos em grupos. Nesse sentido, participantes do curso reuniram-se e apresentaram sugestões para tratar do fortalecimento da Agroecologia a partir organização em redes sociotécnicas.
Conforme relata Francisco Miguel Corrales, coordenador do curso, a aplicação de métodos participativos de cooperação entre agentes de desenvolvimento rural oferecem importantes instrumentos para lidar com os desafios tecnológicos e socioambientais presentes no meio rural brasileiro. “Os avanços promovidos por articulações, associações, conselhos, consórcios, dentre outros, são amplamente potencializados pelo domínio de métodos de gestão voltados ao aprimoramento desses arranjos interinstitucionais”. Considera ainda que o curso possibilitou tratar de questões essenciais para que os/as participantes do evento venham a aprimorar as suas ações em redes de agroecologia.
A Embrapa Meio Ambiente, juntamente com um amplo arco de instituições regionais, integra a Rede de Agroecologia do Leste Paulista. Essa rede tem um histórico de mais de vinte anos, de promoção de iniciativas territoriais de transição para estilos avançados de agricultura nos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Tem buscado também estabelecer conexões com outras redes de Agroecologia, no Estado de São Paulo e em outros Estados da Federação. Para alcançar esse propósito, um dos componentes fundamentais tem sido a busca de qualificação das articulações entre diversos segmentos da sociedade, em dimensões participativas de elaboração, implantação e avaliação de processos em formato de Redes de Agroecologia.
Matéria: Cristina Tordin