Epidemia de tabaco é a principal causa de mortes no mundo; são mais de 15 por minuto

No próximo sábado, dia 31 de maio, o mundo tem um convite à reflexão sobre os impactos devastadores do tabagismo na saúde e no meio ambiente. Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial sem Tabaco é um chamado global para conscientizar sobre os riscos do consumo do tabaco e para incentivar políticas eficazes de controle do tabagismo.
De acordo com o Relatório Global da OMS sobre “Tendências na Prevalência do Uso de Tabaco 2000-2025”, mais de 20% da população mundial adulta (15 anos ou mais) faz uso do tabaco, sendo a estimativa maior entre os homens (36,7%) em relação às mulheres (7,8%).
A epidemia de tabaco é a principal causa de morte, doença e empobrecimento da população, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano, segundo a OMS – 7 milhões são resultado do uso direto do tabaco. Outra parcela – 1,2 milhão de pessoas – é de não-fumantes que morrem pela exposição ao fumo passivo. O hábito de fumar é um dos maiores fatores de risco para diversas doenças, causando danos graves à saúde.
“O tabagismo é uma das principais causas de câncer de pulmão, boca, garganta, esôfago, bexiga e outros tipos. Pode causar ou agravar doenças respiratórias, como bronquite crônica e enfisema pulmonar. Também aumenta o risco de infarto, derrame e hipertensão arterial. Mulheres grávidas que fumam têm mais chance de parto prematuro e complicações no desenvolvimento do bebê”, explica Claudio Leal, médico pneumologista no Hospital São Francisco de Mogi Guaçu.
O tabaco também é extremamente prejudicial à saúde daqueles que são expostos à fumaça de maneira passiva. O pneumologista Claudio Leal alerta que as crianças podem sofrer graves consequências da exposição ao cigarro.
“Crianças expostas ao cigarro têm mais risco de infecções respiratórias, problemas de crescimento e morte súbita infantil. Por isso, medidas como evitar locais com fumaça e promover ambientes livres do tabaco são fundamentais para a saúde pública”, orienta o médico.
Cigarro eletrônico
A comercialização, a importação e a propaganda dos cigarros eletrônicos (vapes) , seus acessórios e refis, é proibida no território nacional por meio da Resolução número 46, de 28 de agosto de 2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar da proibição no Brasil, o consumo continua crescendo, especialmente entre adolescentes e jovens adultos por causa da propaganda e das redes sociais.
Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) em 200 cidades brasileiras revelou que o número de usuários de cigarros eletrônicos aumentou 600% em cinco anos (2018 a 2023), passando de 500 mil para 2,9 milhões de consumidores.
“Existe uma falsa sensação de segurança, muitos acreditam que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais, mas estudos mostram que os danos podem ser tão ou mais graves quanto os do cigarro convencional. Entre os principais perigos estão as altas concentrações de nicotina (podem conter até seis vezes mais nicotina do que 20 cigarros convencionais), além de outras substâncias tóxicas que aumentam os riscos à saúde. O vapor carregado dessas substâncias químicas, metais pesados e compostos podem causar inflamação e doenças respiratórias graves. A nicotina e outros componentes podem elevar o risco de doenças cardíacas e derrames. E não podemos deixar de falar sobre o impacto entre os jovens: o uso precoce pode comprometer o desenvolvimento cerebral e aumentar a vulnerabilidade ao vício”, alerta o pneumologista.
Pare o quanto antes!
A Organização Pan-Americana da Saúde chama a atenção para os benefícios quase imediatos de parar de fumar. De acordo com a agência internacional especializada em saúde pública das Américas, em apenas 20 minutos após parar de fumar, a frequência cardíaca cai. Em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue volta ao normal. Entre 2 a 12 semanas, a circulação melhora e a função pulmonar aumenta. Entre 1 a 9 meses, a tosse e a falta de ar diminuem. De 5 a 15 anos, o risco de AVC é reduzido ao de um não fumante. Em 10 anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão é cerca de metade da de um fumante.
Além disso, em 15 anos, o risco de doença cardíaca é igual ao de um não fumante.
Parar de fumar pode ser um grande desafio mas, com estratégias corretas e bem orientadas, é possível vencer a dependência. O doutor Claudio Leal dá cinco dicas para quem deseja abandonar o tabaco:
1. Defina um objetivo claro: estabeleça uma data para parar de fumar e se comprometa a cumprir a meta! Pense nos motivos pessoais para deixar o cigarro, como melhorar a saúde, economia e bem-estar familiar;
2. Busque apoio! Converse com amigos, familiares ou grupos de apoio para ter incentivo. Profissionais da saúde podem oferecer orientações médicas e tratamento especializado;
3. Evite os gatilhos: identifique situações que despertam a vontade de fumar e procure alternativas, como beber água, mascar chiclete e praticar exercícios físicos. Evite ingerir bebidas alcoólicas e café nos primeiros dias, pois podem aumentar o desejo pelo cigarro;
4. Considere tratamentos e medicamentos disponíveis, inclusive, gratuitamente pelo SUS, que podem ajudar quem deseja parar de fumar. O tratamento pode envolver terapia de reposição de nicotina (adesivos, gomas de mascar e pastilhas), medicamentos que ajudam a reduzir os sintomas da abstinência e o acompanhamento psicológico como parte da estratégia para abandonar o cigarro;
5. Adote hábitos saudáveis: exercícios físicos melhoram o humor e diminuem a vontade de fumar. Alimentação equilibrada e hidratação ajudam a limpar o organismo mais rápido.
“Paciência e persistência são fundamentais para quem deseja parar de fumar. É normal sentir vontade nos primeiros dias, mas isso diminui com o tempo. Se houver recaídas, não desista. Reavalie o que deu errado e tente novamente”, incentiva o doutor Claudio Leal.
Campanha
A campanha 2025 para o Dia Mundial Sem Tabaco da OMS traz o tema “Desmascarando a indústria do tabaco: expondo as táticas das empresas para deixar os produtos de tabaco e nicotina mais atrativos”. O objetivo é alertar a população sobre os riscos à saúde associados ao uso do tabaco e defender políticas públicas eficazes para a redução do consumo de tabaco no mundo. A data é celebrada desde 1987.