Jogos Escolares de Campinas (JEM) exportam atletas para grandes times
Crédito: Arquivo PMC
Ex-alunos descobriram suas habilidades durante as competições entre escolas municipais, se destacaram e foram em busca de oportunidades profissionais
Alunos da rede municipal de Campinas no JEM: são 45 escolas de ensino fundamental e cerca de 19 mil estudantes envolvidos
Desde cedo é comum a criança dizer o que pensa que vai querer ser quando crescer. Muitos meninos querem ser jogadores de futebol ou atletas reconhecidos mundialmente, independente da modalidade esportiva escolhida. Há quem diga que esses desejos não passam de sonhos de criança. Mas para alguns ex-alunos das escolas municipais de Campinas, a persistência e a dedicação fizeram esses sonhos tornarem-se realidade, como é o caso dos estudantes Kauan Menegatti, Júlia Rodene e Lara Miguel.
Em comum, além do amor pelo esporte, eles viram seus talentos serem despertados durante as competições dos Jogos Escolares Municipais, o JEM, que é realizado anualmente, e movimenta 45 escolas de ensino fundamental, que hoje contam com cerca de 19 mil estudantes nesta fase inicial de formação.
De Campinas para o Flamengo
Ex-aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Lourenço Bellocchio, no Jardim Boa Esperança, Kauan Menegatti, de 18 anos, integra o time da seleção Sub-20 do Flamengo.
“Desistir nunca foi uma opção. O futebol é algo que eu gosto de fazer e por meio dele dar uma vida melhor para a minha família”, disse. Aos 16 anos, ele assinou um contrato profissional com o Flamengo. “Joguei na Ferroviária pouco mais de um ano, até que o Flamengo me viu em campo e se interessou pelo meu futebol. Sou um privilegiado por poder vestir essa camisa”, comemora.
Ele conta que o seu amor pelo futebol começou aos 5 anos quando começou a fazer aulas. Aos 10 anos, jogava na base do Esporte Clube Primavera, em Indaiatuba. Mas foi no 7ª ano, por meio do JEM, que as coisas mudaram. “Nessa época, o futebol começou a ficar mais sério e ali no Bellocchio, por meio do JEM, eu tive certeza do que eu queria para a minha vida: era ser jogador de futebol”, lembra.
Não foi uma trajetória fácil. Faltou dinheiro, era preciso depender de carona, pegar ônibus lotado para treinar e jogar… Momentos difíceis que Kauan enfrentou e superou. “Sem contar que eu via a minha mãe grávida ir trabalhar em dois lugares para não faltar dinheiro para eu treinar, ou às vezes, não ter condições de comprar uma chuteira boa”, relembra.
Dos jogos escolares para as pistas de atletismo
Quem imaginaria que um desafio proposto por um professor de educação física tornaria Júlia Rodene, de 18 anos, uma atleta profissional. Ele queria saber qual dos seus alunos tinha o perfil para participar de uma competição de atletismo.
Ex-aluna das escolas Zeferino Vaz, o Caic, na Vila União, e Padre Emílio Miotti, no Jardim Santa Lúcia, a jovem conta que essa modalidade esportiva entrou em sua vida de uma forma inesperada. “Por ser uma das mais rápidas, eu fui escolhida. Lembro que nem queria ir para a competição. Minha primeira competição, minha primeira medalha”, diz ela.
Júlia conta que os Jogos Escolares Municipais de Campinas tiveram um papel fundamental para a sua carreira. “O JEM marcou a minha vida e me trouxe para onde estou hoje. Sou grata ao professor que me incentivou no começo”, conta. Foi após um dos jogos escolares que a ex-aluna foi chamada para ser atleta da Orcampi, uma das principais equipes de atletismo do país.
A decisão de viver um sonho
Foi nas aulas de Educação Física da Emef Vicente Rao, no Parque Industrial, que Lara Miguel Batista descobriu a sua vocação para o esporte. Com um incentivo na escola e um empurrãozinho da mãe, em casa, hoje ela é a técnica do time de basquete do Sesi-SP.
Tudo começou em 2006, quando sua mãe a colocou para aprender basquete. Nessa época, Lara já tinha um grande carinho pelas aulas de Educação Física da escola e se sentiu motivada para seguir em frente. E lá foi ela jogar basquete no Sesi Amoreiras.
“As aulas de educação física na escola eram sempre motivadoras, lembro com muito carinho do professor Jeferson Espanhol, que sempre proporcionou vivências incríveis em suas aulas e nos levou participar do Jogos Escolares”, conta.
De lá para cá, o amor pelo esporte falou mais alto. Formou-se em Educação Física pela PUC-Campinas. Fez cursos de arbitragem de basquete e é a fundadora do “Ladies Campinas”, que trouxe de volta à cidade o basquete feminino amador para ex-atletas que não tinham mais um espaço para treinar e disputar competições.
Hoje, ela está à frente do time de basquete Sesi-SP. “Trabalhar com treinamento de crianças e jovens é lidar com sonhos e é incrível e desafiador ao mesmo tempo. Sou apaixonada pelo que faço”, afirma.
Sobre o JEM
Há 16 anos, os Jogos Escolares Municipais (JEM) é um dos eventos mais aguardados para os cerca de 19 mil alunos de Ensino Fundamental da rede municipal de Campinas. É um período em que eles colocam em prática todas as habilidades em várias modalidades esportivas em um campeonato que reúne 45 escolas.
Além das modalidades mais conhecidas, como futebol e basquete, o JEM também conta com disputas no badminton e ginástica artística.