Paralipíada Rio 2016 sofre com falta de investimento

Untitled-1As Olimpíadas Rio 2016 já acabaram, mas as competições não. Muita emoção ainda está por vir com a chegada das Paralimpíadas. O evento vai acontecer no Rio de Janeiro entre os dias 7 e 18 de setembro e terá a participação de mais de 4 mil atletas em 23 modalidades diferentes.

Apesar da pouca atenção fornecida pela mídia a esses atletas, o Brasil conta com uma delegação detentora de grandes chances ao pódio. No total, serão 278 brasileiros e brasileiras carregando no corpo e no coração as cores da bandeira.

A campanha do país nesses eventos é fortíssima. Na edição de Londres-2012 conquistou 41 medalhas (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze) e o sétimo lugar no ranking geral. No Parapanamericano de Toronto-2015 foram suadas 257 medalhas (109 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze) e pela terceira vez seguida o primeiro lugar na classificação.

A falta de investimento

No entanto, mesmo com o tão bom desempenho os atletas paralímpicos continuam enfrentado uma série de problemas. O primeiro deles é a falta de investimentos. O dinheiro destinado ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) não chega nem a metade do valor recebido pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Enquanto o primeiro possui uma verba anual de cerca de R$336,9 milhões o segundo conta com mais de R$700 milhões.

Ainda dentro da questão dos investimentos, outro fator chama a atenção, o desinteresse privado nesses esportes. Quase 100% do dinheiro vem do poder público através da Lei Agnelo/Piva, sancionada em 16 de julho de 2001, que prevê a destinação de 2% da arrecadação das loterias federais ao Comitê Paralímpico. Dois grandes fatores podem explicar essa falta de interesse: o preconceito ativo e a questão do lucro.

O preconceito ainda figura como protagonista nas questões sociais que envolvem o país. Segundo censo realizado em 2010 pelo IBGE 45, 6 milhões de pessoas possuem algum nível de deficiência. Esse número é maior do que toda a população do Canadá (35, 8 milhões) e equivale a mais que o dobro da população do Chile (18 milhões). Ainda assim muitas empresas se recusam a contratar funcionários com deficiência.

A Associação Brasileira de Recursos Humanos em pesquisa encomendada no ano de 2013 mostrou que mais de 65 % dos empresários entrevistados apresentavam algum nível de resistência a essas contratações. Isso tudo no âmbito empregativo. Quando se tratam de esportes, a visão piora. As próprias Olimpíadas passam a imagem de que só alcançam a perfeição atletas completos. Aqueles que são deficientes apenas encenam histórias de superação dentro de esportes que não deveriam estar.

Essa visão se relaciona diretamente com a questão do lucro. Os esportes paralímpicos ainda não alcançaram o status de produto, ou seja, não oferecem aos investidores o retorno que desejam. E por quê? Não movimentam o mercado tanto quanto esportes olímpicos devido à baixa audiência.

O Bolsa-Atleta

Untitled-1O incentivo ou a falta dele é o outro problema a ser vencido. Criado em 2005 pelo governo federal, O Bolsa Atleta é uma das poucas medidas públicas em prol dos esportes (olímpicos e paraolímpicos) e ainda assim mostra defeitos. O objetivo é justamente auxiliar atletas de alto potencial que não possuem patrocínio ou condições de se dedicar unicamente a prática esportiva. De acordo com o próprio secretário do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, “O público alvo são atletas e paratletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade”.

Os valores oferecidos pelas bolsas variam de R$ 370 (nível básico e estudantil) e R$ 3,1 mil (categorias olímpica e paralímpica) e só podem ser acessados pelos atletas que se classificarem entre os três primeiros de sua modalidade seja em nível nacional ou internacional. Isso deixa centenas de paratletas e atletas de fora, desestimula a prática esportiva e distância cada vez mais o Brasil do tão almejado pódio.

Matéria: Larissa Cavenaghi

 

 

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