POSSO SER FRANCA COM VOCÊ?

Você já precisou olhar nos olhos de uma pessoa – ou alguém olhou nos seus – e disse: Posso ser franca com você? Quando a gente tem uma conversa dessas, onde permeia a sinceridade, a gente sabe que o resultado pode ser muito bom ou muito ruim. Por si só e objetivamente, a franqueza é uma virtude, uma qualidade. A questão é que é impossível pensar nela de forma objetiva porque numa conversa desse teor tudo tende a ser subjetivo. As pessoas têm sentimentos, têm suas percepções individuais, registram as informações e, muitas vezes, ainda absorvem as palavras que são ditas.

Alguns são mais sensíveis que os outros ou não estão emocionalmente preparados para ouvir algumas verdades. Esses podem se sentir tristes, magoados com você. Outros realmente não querem ouvir porque já têm sua opinião formada. Esses podem se sentir ofendidos ou desafiados. Nem vem ao caso aqui os porquês das pessoas interpretarem o que ouvem de formas distintas, mas o fato é que em todos os casos o que precisamos ter em mente é que somos responsáveis pelo que falamos. Não somente nossas ações surtem efeito na vida do outro, mas também o que dizemos.

Durante as sessões de terapia é mais comum do que você pode imaginar, as pessoas relembrarem situações marcantes quando alguém, se achando no direito de dizer, disse o que bem queria, sem pensar nas consequências. E existe uma diferença muito grande entre ser sincero e ser grosseiro. O problema é que muita gente não sabe essa diferença. Ou se sabe, não liga a mínima. Isso é egoísmo e falta de empatia.

Um dia desses uma cliente estava extremamente chateada, não porque foi vítima da sinceridade sem filtro, mas porque foi ela quem não controlou sua língua e ofendeu uma colega. Me contou que no mesmo instante em que terminou de se expressar, “caiu a ficha” de que não precisava ter falado daquele jeito. Alguns minutos depois procurou a tal amiga e se desculpou dizendo que ela teve seus motivos para falar, mas que reconhece que errou na maneira como falou. A outra acenou insinuando que estava tudo bem, mas ela sabia que o estrago estava feito. Podemos perceber nessa história, que, pior do que ser sincera a ponto de magoar alguém e também se magoar, é fazer isso e nem se importar. Havia um tempo em que “o jeito explosivo” dessa minha cliente nem a incomodava. Ela falava o que pensava, ofendia e ainda dizia: eu sou assim, quem quiser que goste de mim”. Hoje em dia ela não só já consegue se controlar na maioria das vezes, como também percebe e se sente mal quando dá umas “escorregadas no protocolo”. Isso já é um ótimo sinal! A consciência ela já tem, mas um hábito pode demorar um pouquinho mais para ser reprogramado. É o processo de evolução.

O ditado “sempre é bom prevenir do que remediar”, também serve para esses momentos quando escolhemos o caminho da sinceridade. Para isso é preciso prestar atenção a alguns detalhes como por exemplo:

– O tom: na maioria das vezes importa mais o “como” ao invés do “que” é dito. Por isso busque ser agradável falando baixo e num ritmo compassado (porque o ritmo acelerado demonstra nervosismo ou ansiedade e causa desconforto no outro);

– A gentileza: Escolha palavras boas e evite as negativas ou condenatórias para formular o que pretende dizer. Isso já é meio caminho para conseguir se expressar amigavelmente e fazer o outro te respeitar, mesmo que ele não concorde com você;

– A sua verdade: Lembre-se que a sua verdade ou a sua opinião são só suas. Deixe claro que você está expressando o que sente ou pensa, mas que não necessariamente seu interlocutor é obrigado a entender ou aceitar;

– O impulso: em 99,9% dos casos nos arrependemos quando agimos sem pensar, instintivamente. Então espere passar aquela vontade louca de falar. Conte até 10, respire fundo, dê uma volta se for possível, tome um copo d´água e reflita sobre o que vai dizer. Ao fazer isso você dá tempo para a adrenalina diminuir e ao retornar para conversa, pode ser que nem seja mais tão necessário assim dar sua opinião ou ser exageradamente sincero quanto gostaria;

– A empatia: Coloque-se no lugar do outro e pense como você se sentiria se alguém te abordasse da forma como você pretende abordar alguém. Se, de alguma forma, isso poderia te trazer desconforto, não faça com o outro. Às vezes o silêncio ou poucas palavras dizem mais do que um discurso cheio de argumentos ou explicações;

– Os motivos: procure entender com qual propósito você quer dizer o que está na ponta da língua. Se for para o bem, para agregar ou resolver de vez uma situação, faça isso seguindo as dicas anteriores. Porém, se perceber que precisa ser sincero para destilar um “veneninho”, por maldade, despeito, necessidade de diminuir alguém ou qualquer sentimento que não faça bem ao outro, freie essa vontade e busque ajuda profissional para lidar com suas emoções. Talvez você precise observar os gatilhos desses sentimentos que desencadeiam ansiedade, impulsividade ou impaciência com as pessoas. Não é vergonha nenhuma reconhecer quando precisamos mudar algo em nós.

Portanto, tenha atenção e respeito com quem está a sua volta. Mas se você errar na dose da sinceridade, ao invés de se culpar demais, que tal seguir o exemplo da minha cliente e lembrar que você é humano? Reconhecer, se redimir e seguir tentando melhorar faz toda a diferença.

Para finalizar, deixo uma frase que tem muito significado pra mim: “Você é Senhor das palavras que omite e escravo das que lhe escapam”. Pense nisso! Seja amável! Seja feliz!

Um ótimo final de semana e até a próxima!

Adriana Cruz

Terapeuta, Jornalista e Palestrante

– Especialista em:

– Transtornos Emocionais, pelo método TRG;

– Leitura Corporal;

– Técnicas de Neurociência

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Atendimento presencial e online

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