Quem, eu? vovó Nilva vira livro

Ele resolveu ignorar os conselhos médicos sobre pessoas com Alzheimer e deixou as opiniões do senso comum de lado. Ele resolveu curtir da melhor maneira possível: trocando risadas, confidências e amor. Em 2011, ele decidiu abrir mão da empresa que estava construindo e trancar a faculdade. “Era hora de retribuir tudo aquilo que minha avó havia feito por mim no passado, quando deixou tudo para acompanhar meu crescimento e criação. Eu estava prestes a fazer o mesmo por ela”, diz.

Ele é Fernando Aguzolli, estudante de filosofia, 22 anos, nascido e criado em Porto Alegre. Há seis anos, sua avó, que lhe dedicou boa parte da vida, foi diagnosticada com uma doença muito peculiar, o Alzheimer.

Fernando resolveu levar com alegria. Mais do que isso… Transformou as histórias entre ele e a avó em uma página divertidíssima no Facebook, que alimentava diariamente com as situações cotidianas que mais pareciam tiradas de um livro de piadas. Os posts ganharam projeção nacional e, além dos quase 70 mil likes, ele e sua avó estamparam capas de revistas e jornais, transformando-se em uma notícia que gerou comoção nacional.

Agora, nos 11 capítulos do livro Quem, eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de vida, Fernando espera levar ao maior número de pessoas não só detalhes desse aprendizado como também as memórias de sua “nonna” – que faleceu no ano passado – e conhecimento sobre essa doença que ameaça qualquer relação familiar. O tom é quase sempre de bom humor, o que deixou a vida dela, dele, e deixará também a do leitor, muito mais leve. A edição também pretende fazer uma integração com outras mídias, com QR Codes ao longo do livro que permitem ao leitor assistir aos vídeos depois de lerem detereminados trechos e diálogos entre Fernando e a avó.

“Com o tempo tornou-se fora de cogitação argumentar contra os devaneios da vovó Nilva, restando como alternativa confirmá-los. Ou seja, teria que mentir e enganá-la. Essa questão atinge nitidamente aquilo que conhecemos por ética moral. (…) Uma vez a questionei sobre a quantidade de cigarros que ela estava fumando – praticamente comendo – e, veja bem, ela botou a culpa em um anãozinho que pulava sua janela durante a noite e dançava para diverti-la em troca de cigarros. Se isso é estar na pior, poxa… E quem estava bancando o vício do ‘anão’ éramos nós! Pode isso?”, conta ele.

 

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