“Seria um despróposito fazer um evento que tem um investimento grande de dinheiro público”, afirma a secretária de Cultura sobre o Carnaval.

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Foto: Arquivo Pessoal

Maria das Graças Hansen Albaran Santos, a Graça, é uma piracicabana que há oito anos chegou à Jaguariúna e não saiu mais. Formada em Direito, já trabalhou em Brasília na Câmara do Deputados e no Senado, participou da implantação do Parlamento do Mercosul e representou o Brasil nas negociações da ALCA (Área de Livre Comércio), em Washington.

Com toda essa bagagem, veio para a cidade, à convite de Gustavo Reis, e assumiu a Secretaria de Cultura. Permaneceu no cargo durante os anos de 2009 à 2012 e se envolveu de todas as maneiras possíveis com seu trabalho para trazer aos jaguariunenses mais oportunidades de entretenimento cultural.

Projetos como a Escola das Artes e o Cinema na Kombi, foram idealizados durante o período que estava à frente da pasta de Cultura. Com a vitória de Gustavo Reis para o Executivo, Graça volta para a prefeitura após ser nomeada no último domingo, dia 1º de janeiro, como secretária de Cultura. O Jornal de Jaguariúna conversou com a secretária sobre a retomada dos projetos, os planos futuros para área cultural da cidade e sobre o cancelamento do Carnaval este ano. Acompanhe a entrevista!

Jornal de Jaguariúna – Graça, você não é de Jaguariúna e só veio para a cidade em 2008. O que mais te encantou aqui?

Graça Albaran – É uma cidade que tem muitos atrativos turísticos, tem uma boa estrutura, tem pessoas muito educadas, gentis, é uma bonita cidade do interior e eu me encantei por ela por vários motivos. Além de tudo isso, mas principalmente, por eu ter um grande amigo que é muito querido, prova disso, reeleito agora como prefeito, o Gustavo Reis.

JJ – Graça, você se estabilizou na cidade e aqui formou família. O que te fez ficar?

GA – Inicialmente foi esse meu amigo que é prefeito. Depois, no momento que eu conheci o Marcelo [marido de Graça] e tive meu filho, isso foi o que realmente me fez ficar. Foi isso e também pelo meu amor em relação às coisas que eu fiz, pelo que consegui criar junto com o Gustavo e, agora também, muito por essa oportunidade da cidade receber nossas ideias e nossos projetos. Com certeza, vamos ter de volta a alegria e todos nossos projetos que faziam a vida das pessoas mais felizes, mais alegres, mais especiais.

JJ – Graça, como está sendo o seu retorno para a pasta de Cultura?

GA – Trabalho dobrado agora pra retomar, né… Não está sendo muito fácil essa primeira semana, porque nós chegamos aqui na secretaria e encontramos um ambiente bem abandonado, com poucas informações. No teatro, por exemplo, nós temos uma dificuldade muito grande na parte técnica, porque não teve manutenção, muitos equipamentos foram quebrados, teve também o desgaste do tempo e as coisas não aconteceram. Agora, nós vamos ter que reorganizar isso tudo para que as coisas comecem a entrar no eixo e nossos projetos sejam de novo oferecidos para os munícipes com qualidade e que possam entrar no coração das pessoas.

 JJ –  Projetos antigos do mandato passado como Cinema na Kombi, Miss Jaguariúna, Festival de Inverno irão retornar?

GA – Olha, muitos projetos antigos vão retornar, mas no momento propício, porque nós enfrentamos uma dificuldade financeira muito grande e eu não tenho como voltar com tudo que nós fazíamos. A crise financeira dentro da prefeitura é muito grande e temos a orientação de que, nesse momento, não podemos gastar nada, já que é necessário que uma avaliação financeira seja feita para saibamos o que é possível ou não de se realizar. Então, faremos o possível para retornar com todos os projetos que fazíamos e que tinham a aceitação da população. Mas além disso, outros novos projetos estão por vir e que já estão sendo trabalhados pela nossa equipe dentro da possibilidade orçamentária.

JJ – Quanto à Escola das Artes, projeto implantado na gestão 2009-2012, quais serão os próximos passos para que volte a funcionar como antes? Sabemos que no primeiro ano foram formados mais de 3000 alunos.

GA – A Escola das Artes nasceu na gestão do Gustavo, foi uma coisa que eu e ele criamos juntos, e nós temos muito amor por esse projeto. A escola é uma iniciativa de grande alcance na sociedade, tínhamos uma parcela considerável da população sendo atendida, tanto que o governo anterior teve que retornar com o projeto por causa do grande apelo popular. As pessoas acreditaram que ele [ex-prefeito, Tarcísio] fosse continuar com esse projeto, mas ficou abandonado por três anos e só voltou no período eleitoral. Agora nós vamos retomá-lo, esse é o principal projeto da secretaria e a verdadeira Escola das Artes vai seguir conforme ela foi criada, com todo encanto e toda magia, com todos os cursos, com toda a nova programação, nova didática, cheia de novidades.

JJ – Você conseguiu mobilizar a cultura em Jaguariúna como nunca tínhamos visto antes, teremos de volta os grandes espetáculos?

GA – Com certeza teremos novos tão ou mais legais do que antes. Nossas ideias agora são mais arrojadas, nós amadurecemos, estudamos mais a questão da qualidade, tudo está mais aprimorado e, com certeza, conseguiremos trazer cada vez mais espetáculos de mais impacto.

JJ – Nós sabemos da dívida e da crise que não só Jaguariúna enfrenta, mas durante todos esses anos, o que a população mais pediu foi o entretenimento. Teremos carnaval?

GA – Não, não teremos carnaval. Não há menor possibilidade de realizarmos o carnaval, seria um desproposito fazer um evento que tem um investimento grande de dinheiro público. Eu sei que as pessoas gostam e que o lazer é necessário e, neste caso, também é uma manifestação cultural, mas entendemos que a prioridade agora são os remédios, a parte de alimentação das crianças nas creches, coisas que as repartições estavam com muita dificuldade. A partir do momento que o município já tiver conseguido adequar as suas finanças, iremos retomar o carnaval de Jaguariúna que era uma referência regional. Também retornaremos porque é um evento que traz muitos turistas para o município, aquece a economia local e é importante para o comércio em geral.

JJ – Recentemente, não tivemos o Natal Encantado. Você acha que é possível uma parceria público/privada para a realização desses eventos, já que a cidade tem muitas empresas de grande porte como, por exemplo, a AmBev?

GA – Com certeza iremos buscar essas parcerias e não só para o Natal, mas para outras atividades que iremos fazer. No caso do Natal é possível ser feito com o que nós já temos, já que é muito mais encanto, magia, amor pelo que se faz e temos algumas peças que estão guardadas. No último ano, vimos que o Natal só aconteceu num bairro da cidade por indicação política, todas as peças da cidade estão colocadas lá… eu mesma não sabia, meu filho não pode ver, eu não vi nada, não foi divulgado e todo mundo que não era de lá não teve direito a esse encanto. Eu quero devolver isso para as crianças e, nesse momento, eu consigo fazer sem gasto nenhum, com o que já temos. Eu pretendo envolver a população para nos ajudar a enfeitar a cidade, nossos alunos do Escola das Artes produzindo peças pro Natal, fazendo cantatas, espetáculos, a banda andando pela cidade, isso não tem custo, já existe, basta que tenha uma vontade política de ser feito e devolver isso para o município.

JJ – A Fazenda da Barra ficou parada todos esses anos, quais são os projetos agora?

GA – Olha, a fazenda da Barra é uma tristeza ter acontecido o que aconteceu com ela. Quando saímos, nós deixamos o convênio totalmente habilitado, com dinheiro em caixa, tudo super ‘resolvidinho’. Era só ter visto essa questão do convênio, eles teriam acompanhado o diário de obras, tocado ela porque estava tudo correto e, hoje, estaria muito bem resolvida nesse momento. Mas não sei porque não tocaram, estou tomando ciência disso. Vamos retomar sim, com certeza, o prefeito já determinou que retomemos o convênio, eu ainda tenho um prazo para conseguir o que ficou lá atrás, ainda não sei se vamos conseguir por questões burocráticas, mas vamos restaurar aquela fazenda e antes de terminar o mandato vamos entregar para a população um novo espaço de cultura, lazer e turismo para a cidade.

Matéria: Caroline Belini e Monique Lima

 

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