UFSCar celebra Dia Mundial do Oceano nesta quarta-feira, 8 de junho
Instituto da Cultura Científica firma parceria com laboratório para incentivar a cultura oceânica
Nesta quarta-feira, dia 8 de junho, será celebrado o Dia Mundial do Oceano e, para marcar a data, o Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LBPM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) promove projeção gratuita do filme “Planeta Água”, de 2012, aberta a todas as pessoas interessadas. A atividade terá início às 17h45, no Anfiteatro Bento Prado Júnior, na área Norte do Campus São Carlos da Universidade. Não é necessário fazer inscrição e a lotação, limitada devido à pandemia de Covid-19, será preenchida por ordem de chegada.
O Dia Mundial do Oceano foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de destacar a importância dos oceanos para a vida humana e a necessidade de preservá-lo. Neste ano, o tema escolhido é “Revitalização: ação coletiva para o oceano”. De acordo com Hugo Sarmento, docente do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar e coordenador do Laboratório, a data é importante para chamar a atenção das pessoas para a relevância dos serviços ecossistêmicos que o oceano oferece diariamente para a vida humana, o que nem sempre percebemos.
O mar produz, diariamente, metade do oxigênio do Planeta, regula o clima, é o maior consumidor de carbono da atmosfera – absorve, anualmente, 25% da queima de combustíveis fósseis e consequente emissão de gases de efeito estufa -, além de fornecer alimento para diferentes espécies. “A gente ouve falar sobre a Amazônia sendo pulmão do Planeta, mas pouca gente sabe que metade do oxigênio vem do oceano todos os dias”, reforça o professor. A produção do oxigênio no mar é feita por microrganismos, chamados de fitoplânctons, que integram o microbioma oceânico e também são base da cadeia alimentar de vários organismos.
Sarmento chama a atenção para o fato de que o oceano vem sofrendo fortes impactos e está ameaçado. “O oceano vem sofrendo pressões múltiplas ao longo dos últimos anos. Com as mudanças climáticas, o aquecimento global, os mares estão cada vez mais quentes. A acidificação – processo em que o aumento de dióxido de carbono na atmosfera eleva o nível de CO2 no mar, abaixando seu pH e trazendo problemas graves para muitos organismos – também é outro impacto considerável, além da sobrepesca e da poluição por plásticos”, enumera o docente da UFSCar.
O professor aponta que há nos oceanos milhões de toneladas de plástico, que chegam a formar ilhas com tamanhos maiores que o estado de São Paulo. “Mas o maior problema do plástico nem é todo este. A grande questão é que esse plástico vai se quebrando em fragmentos menores ao longo do caminho e fica do tamanho do plâncton. Muitos animais acabam confundindo esse microplástico com alimentos e o consomem, muitas vezes morrendo por não conseguirem digerir o material”, alerta Sarmento. Nesse contexto, o pesquisador destaca a importante participação de todas as pessoas, mesmo as que não moram próximo ao mar, quanto ao descarte correto e uso racional do plástico. “Mesmo quem mora no interior deve saber que nosso plástico também chega aos oceanos através dos rios, já na forma de microplástico, causando danos infinitos a esse bioma”, reforça.
De acordo com Sarmento, um dos grandes desafios para a conservação dos oceanos é a ausência de legislação em águas internacionais que garantam a proteção ambiental. Com exceção das 300 milhas náuticas da zona econômica exclusiva, não há lei que determine regras para o uso do mar aberto. “Essas águas são ‘terra de ninguém’, e as pessoas acham que podem fazer o que quiserem – descarte de materiais, lavar containers de navios, explorar como acharem melhor. Além disso, o alto mar é causa de disputa entre as nações em busca de ampliação de suas áreas econômicas e controle da exploração de recursos marinhos, como o pré-sal, e até a mineração submarina”, aponta.
Todas essas questões são abordadas no filme “Planeta Água” que será exibido no dia 8 de junho na UFSCar. A obra, que já esteve nos cinemas, tem direção de Michael Pitiot e Yann Arthus Bertrand, o segundo conhecido pelos livros, filmes e exposição de fotos “A Terra vista do céu”. A exibição é gratuita, aberta a toda a comunidade, com início às 17h45, no Anfiteatro Bento Prado Júnior da UFSCar.
Pesquisas na UFSCarAlém do Dia Mundial do Oceano, a ONU decretou, em 2021, o início da Década dos Oceanos, cujo tema é “A ciência que precisamos para o oceano que queremos”. O objetivo é investir esforços e recursos financeiros para explorar as riquezas dos oceanos de forma positiva. “Procurar soluções no mar para os nossos problemas em terra. Incentivar as pesquisas dos genes do oceano e dos recursos do mar para trazer soluções para o futuro”, complementa Sarmento sobre o objetivo a iniciativa.
O Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos da UFSCar desenvolve pesquisa sobre o microbioma oceânico, em particular no âmbito do Tratado de Belém, assinado em Lisboa (Portugal) para celebrar a Década dos Oceanos. A União Europeia (UE) financia vários projetos de pesquisa no Atlântico, em particular no Atlântico Sul, que é menos explorado, envolvendo parcerias com Brasil e a África do Sul. “As nossas pesquisas são precisamente para estudar essas soluções no mar para os problemas em terra. Mesmo estando no interior, longe do mar, nossas pesquisas são sobre genes do microbioma marinho que podem trazer soluções para a produção de fármacos, medicamentos, para a indústria alimentícia e outras inúmeras aplicações”, exemplifica Sarmento.
Além disso, a atuação inclui o compromisso com a promoção da chamada cultura oceânica junto a diferentes públicos, especialmente crianças e jovens. Para tanto, o Laboratório acaba de firmar parceria com o Instituto da Cultura Científica da UFSCar e, a partir da contratação de bolsistas de extensão, serão produzidos materiais sobre serviços ecossistêmicos oferecidos pelo oceano e os principais impactos que a ação humana tem causado sobre ele para uso em escolas e outros ambientes de aprendizado formal e não formal, bem como será ampliada a divulgação das pesquisas sobre o tema realizadas na UFSCar.
Para inaugurar a parceria, no Dia Mundial dos Oceanos também será realizada live no Instagram @ufscaroficial, às 11 horas da manhã, com a participação do professor Hugo Sarmento.