CENTRO CULTURAL“ZI CAVALCÂNTI” HISTÓRIA E ARQUITETURA

“As estações ferroviárias tiveram um papel preponderante não somente no País, como em todo o mundo. Fundaram cidades, centralizaram a vida das povoações, serviram como agência de correios, trouxeram o progresso e foram em forma geral construídas com arquiteturas diferentes desde a mais suntuosa até a mais simples” escreveu o historiador Ralph Mennucci Giesbrecht, bisneto do engenheiro ferroviário alemão Guilherme Giesbrecht, que fez a planta de Jaguary para o Cel. Amâncio Bueno, em 1894. A 2ª estação ferroviária de Jaguariúna foi inaugurada em 15 de dezembro de 1945. Sua Construção foi iniciada em 1943. A 2ª ponte ferroviária sobre o Rio Jaguary e os pontilhões sobre a Cândido Bueno tiveram seu início em 1939. Foram construídos por ocasião da retificação do traçado da Cia Mogiana em substituição à Estação de Jaguary inaugurada em 03 de maio de 1875.

A 2ª estação, hoje Centro Cultural é um edifício em alvenaria com tijolos em barro. Seu telhado é de quatro águas. Telhas de barro, canal e capa. O primeiro aspecto a ser notado é a horizontalidade em sua volumetria. A parte da frente do prédio voltada para a Rua Maria Ângela. A parte de trás, interna, era composta pelas plataformas onde passavam os trens, até a desativação ocorrida em 1978. A primeira plataforma: embarque Campinas-Mogi-Mirim. Era a linha mestra que se estendeu até o Sul de Minas. A segunda plataforma, unia-se à primeira por uma passarela giratória que fazia o embarque para o Ramal de Amparo. Este ramal chegou até Socorro. Calçamento externo do prédio era feito com esmero em pedras portuguesas. Infelizmente esta estação foi desativada em 1978.Fim dos trens de passageiros!

Este prédio abandonado da estação abrigou a primeira Creche Municipal “Lar Escola Nossa Casinha” na 2ª administração do Prefeito Francisco Xavier Santiago. O pátio da estação foi utilizado como depósito de vagões e locomotivas e no prédio houve uma sala da Associação Brasileira de Preservação da Ferrovia: ABPF. Este Pátio, mais tarde, em 1984, precisou ser desativado devido à implosão dos pontilhões ferroviários da Rua Cândido Bueno, na primeira gestão do Prefeito Laércio Gothardo. Houve necessidade de se colocar temporariamente, em substituição ao pontilhão maior, longarinas reconstituindo os trilhos a fim de transportar os comboios estacionados naquele espaço para a Estação de Carlos Gomes.
Edifício de um pavimento, marcado por blocos de argamassa. Nas fachadas, há enquadramentos marcados verticalmente por cunhais e pilastras. Molduras brancas. Reboco pintado em cor amarela com faixa inferior entre azul e cinza, originalmente. Internamente e nas laterais há platibandas que escondem o telhado com arremate em cimalha, contendo frontões ondulados. Na frente do prédio, o beiral é de madeira, escondido por estuque. No prédio havia varandas abertas nas duas laterais. Com reformas para a conversão em Centro Cultural, elas foram fechadas tornando-se novos cômodos em 1992 na 1ª admin. do prefeito Tarcísio Chiavegato. Nas duas varandas abertas, conforme costume , vendiam-se frutas, em cestinhos de taquara, nos balcões aos passageiros que embarcavam ou passavam com os trens em rápidas paradas.

As reformas no imóvel mantiveram seu piso hidráulico e suas características externas de fachada. No lado interno da estação: sobre as plataformas há cobertura de meia-água, em ferro, composta por mãos francesas, vedadas por telhas de barro, canal e capa. O forro em madeira tipo macho e fêmea. Há proteção ao embarque e desembarque dos viajantes. Muito interessante é a construção da Caixa d’água da estação. A edificação tem estrutura em concreto armado vedado por alvenaria, sobre a qual se localiza o reservatório, que é constituído por chapas de ferro importadas da Inglaterra, coberto por telhado de duas águas com estrutura em madeira vedada.

Edifício marcado por blocos de argamassa. Na fachada há enquadramentos marcados verticalmente por cunhais e pilastras e horizontalmente pelo embasamento e cornijas. Foi tombada pelo CONDEPHAAT-SP em 21 de junho de 2015. Suas características arquitetônicas remetem ao neocolonial, ligado a um contexto intelectual marcado pelo nacionalismo, agregando ao edifício maior significado entre as demais estações do conjunto, é o primeiro patrimônio histórico tombado de Jaguariúna. Abriga o Centro Cultural da cidade e voltou a receber nos finais de semana e feriados o trem turístico.

Tomaz de Aquino Pires