Exclusivo: O Regional entrevista empresário de um jogador vítima do acidente aéreo

Na madrugada da última terça-feira, dia 29 de novembro, uma tragédia abalou o país. O avião que levava a delegação da Chapecoense rumo à Colômbia, onde enfrentaria o Atlético Nacional, pela ida da final da Copa Sul-Americana, caiu e deixou 71 mortos. Dezenove jogadores perderam a vida no acidente, entre eles Josimar Rosado da Silva Tavares, volante do time de Chapecó.

Com passagem pelo Internacional, Palmeiras, Al-Watani da Arábia Saudita, entre outros, Josimar ganhou destaque no time da Ponte Preta, onde atuou em 79 partidas entre os anos de 2010 e 2011. Nesse período Josimar conheceu Jurandir “Niquinho” Martins e desse encontro nasceu uma grande parceria profissional e pessoal.

Niquinho, tem longa história no futebol, foi jogador amador em Campinas e em mais times da região e integrou a equipe de base na Ponte Preta, no qual assumiu o cargo de Diretor de Futebol em 2011, ano em que Macaca conquistou o acesso a série A. Logo em seguida a conquista, Niquinho deixou o cargo no time e passou a trabalhar com a carreira dos ateltas, um deles era Josimar.

A equipe d’O Regional entrou em contato com o empresário, que está na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, e conseguiu uma entrevista exclusiva, na qual Niquinho falou da amizade com o jogador, as expectativas para a carreira e o clima de tristeza que assola a cidade do interior catarinense.

Parceria

Niquinho lembrou que sua relação com Josimar ultrapassa o âmbito profissional e que as conversas com o jogador eram sempre boas, assim como o momento vivido pelo mesmo. “Tínhamos contato quase que diariamente, conversávamos sobre tudo, ele [Josimar] era bom de ‘papo’”, contou para O Regional.

“A fase dele era maravilhosa, foi o ano em que ele mais jogou! Foram 50 jogos, a conquista do título de Campeão Catarinense e a expectativa vivida da grande chance da equipe conquistar a Copa Sul-Americana”, lembrou Niquinho.

A fatalidade com a queda do avião interrompeu esse sonho, atingiu a todos e a comoção ultrapassou os limites territoriais, uma vez que, manifestações de pesar e solidariedade às famílias chegam de todos os lugares do país e de outros países também.

O empresário detalhou na entrevista que os momentos seguintes a notícia da queda foram angustiantes. “Recebi a notícia do acidente às 2:30 da manhã, acompanhei todas as notícias até às 7:30 quando tivemos a confirmação de que havia óbitos. Depois disso só torcia para que ele e outros pudessem sair com vida”, afirmou. Infelizmente, não aconteceu.

Com a confirmação de que apenas 7 pessoas foram encontradas com vida – o goleiro Danilo, faleceu no hospital –, Niquinho não pensou duas vezes e foi para a cidade de Chapecó dar apoio a família de Josimar. “Hoje, me coloco à disposição para ajudá-los no que precisarem. A esposa, Larissa, está em choque, muito triste, mas se mantêm forte pelos seus filhos que ainda não entendem o que está acontecendo”. Josimar era pai de Melissa, de quatro anos, e Joaquim, de apenas um.

Questionado sobre o clima na cidade que dá nome ao clube, o empresário contou que é de tristeza total. “Todos estão ansiosos para receber notícias daqueles que sobreviveram e, ao mesmo tempo, muito tristes com a espera da chegada dos corpos”. No dia da entrevista, quarta-feira, 30, os corpos das vítimas ainda estavam todos na Colômbia com previsão de chegada para tarde de quinta-feira. Ainda sobre a reação dos chapecoenses, completou dizendo que as pessoas se encontram nas ruas, se abraçam e choram o tempo todo. “É muito triste, mas estão todos muito unidos nesse momento”, afirmou.

Ao final da entrevista, Niquinho relembrou o momento em que Josimar pediu para que ele dirigisse sua carreira e de que como os laços de amizade entre eles se tornaram mais fortes depois disso. “Uma semana depois do jogo contra o San Lorenzo, da Argentina, eu estava com ele e comemoramos muito a ida da Chapecoense para a final da Sul-Americana. Ele era uma pessoa simples, dedicada, honesta e um excelente pai”. E finalizou dizendo que em Chapecó, Josimar tinha um apelido: Josemito.

O acidente

Nas primeira horas da terça-feira, dia 29, a aeronave modelo RJ 80, que havia saído do aeroporto José Maria Córdova, sumiu dos radares nos arredores do município de Rionegro. A princípio, as notícias davam conta do desaparecimento do avião que levava a delegação da Chapecoense rumo à Colômbia, onde enfrentaria o Atlético Nacional, pela ida da final da Copa Sul-Americana, na quarta-feira, dia 30. Com o passar das horas, veio a confirmação: o avião havia caído. A queda da aeronave da companhia aérea Lamia, aconteceu a 13 quilômetros de seu destino final, a cidade de Medellín. As caixas pretas foram encontradas e os áudios estão sendo analisados pelas autoridades colombianas, mas já se trabalha com a hipótese de pane elétrica e falta de combustível.

O acidente deixou 71 mortos entre tripulantes, jogadores, profissionais do jornalismo, comissão técnica e convidados do time. Dos 77 passageiros, 7 ainda foram resgatados com vida, mas apenas 6 sobreviveram: Alan Ruschel (lateral), Erwin Tumiri (tripulação), Jackson Follmann (goleiro), Neto (zagueiro) e Xiemena Suárez (tripulação).

No último boletim médico, apresentado antes do fechamento desta edição d’O Regional, assinado pelo Dr. Carlos Henrique Mendonça, apontava que os jogadores Neto e Alan se encontram em estado crítico, mas com perspectivas de melhoras. Assim como o jornalista, Rafael Henzel. Já o estado do goleiro Follmann é o mais grave, pois teve uma das pernas amputadas e a outra segue em análise, com possibilidade de amputação do pé. O quadro dele é descrito como estável, mas é o que requer mais cuidados. Os dois sobreviventes que faziam parte da tripulação continuam em observação, mas passam bem.

A Chapecoense prepara um velório coletivo na Arena Condá, em Chapecó, e a chegada dos corpos das vítimas está prevista para sexta-feira, às 12 horas.

Matéria: Caroline Belini

 

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