‘A máquina não ocupa o nosso lugar, nós é que ocupávamos o lugar dela’, diz especialista
A filósofa e voluntária da Nova Acrópole Lúcia Helena Galvão destaca, no MBX, a importância da criatividade frente às inteligências artificiais
Diante do avanço da tecnologia, muitos questionamentos surgem sobre o papel das máquinas e sua relação com o homem, mas segundo a professora e filósofa Lúcia Helena Galvão, elas não são inimigas. “Nossa parte é sermos criativos […] a máquina não ocupa nosso lugar, nós é que ocupávamos o lugar dela, a mecanicidade não é mais papel nosso”, disse no MBX, evento realizado no último sábado (15) pelo Pecege, instituição que operacionaliza os cursos do MBA USP/Esalq.
Neste contexto, a Inteligência Artificial (IA) funciona como um alicerce para agilizar e facilitar processos, além de permitir resultados mais assertivos. Segundo a voluntária da Nova Acrópole, “a inteligência artificial nos poupa da mecanicidade, tudo aquilo que é mecânico ela vai fazer”.
Especialistas que palestraram no evento ressaltaram a dicotomia entre incorporar as novas tecnologias no dia a dia para facilitar tarefas repetitivas, mas não deixar a inteligência artificial “substituir” a própria inteligência, com resultado na diminuição do exercício da autonomia.
Durante sua palestra no evento, Lúcia discutiu ferramentas para estimular a individualidade e criatividade segundo a filosofia clássica. De acordo com a professora, as inovações no campo da tecnologia permitem às pessoas se preocuparem apenas com a imaginação e originalidade, mas alertou para o perigo da acomodação caso não exista prática do senso crítico.
Operar a tecnologia e não ser operado por ela
Em paralelo, o empreendedor e fundador da Troublemakers André Foresti reforçou o discurso da professora durante o MBX ao destacar que o desenvolvimento da capacidade de pensamento humana deve acompanhar as inovações tecnológicas.
“Nós que temos que fazer as perguntas, nós que temos que operar as ferramentas”, aponta. O empreendedor argumenta que, ao mesmo passo que as pessoas devem incorporar as novas tecnologias às suas atividades, não devem se entregar e perder a capacidade de processamento cerebral para viver no “piloto automático”.
Busca pela criatividade
A filósofa Lúcia Helena Galvão refletiu sobre a facilidade de orientar pensamentos de acordo com o que a maioria acredita, o que impede o exercício da autonomia, individualidade e criatividade. “É comum organizar o pensamento segundo a massa […] Hoje nos sentimos mais seguros indo para o abismo com a coletividade do que nos salvando sozinhos”, destaca.
A dificuldade do conflito necessário para a inovação é uma das explicações para a facilidade em pensar conforme os outros, de acordo com André Foresti. “Nós tendemos a buscar a aceitação e o status quo como uma forma de anestesia contra o desconforto de correr riscos e enfrentar conflitos”, comenta.
MBX
O MBX, evento que tem o objetivo de reunir alunos, ex-alunos, professores, orientadores e demais profissionais do MBA USP/Esalq, promoveu atividades com foco no desenvolvimento pessoal e profissional no último fim de semana. O dia contou com palestras, workshop, tour por Piracicaba e pela Esalq/USP, entre outros programas.